quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A Reforma da Administração Pública


A atualidade política está centrada em dois aspetos: cumprir as metas do défice e reestruturar a administração pública.
Estes foram dois dos vetores mais significativos do acordo entre o Governo de Sócrates e a denominada troika.
 Hoje de nada nos vale contestar isso. Estamos nesta situação, para não estarmos na bancarrota, que era a alternativa.
Cumprir as metas do défice, exige-nos um apertar do cinto, até ao ponto de já não termos barriga.
Reestruturar a administração pública representa emagrecer o Estado, com inevitáveis consequências ao nível da redução dos investimentos, do abaixamento dos rendimentos dos funcionários ou até ao do despedimento em massa.
Este é o caminho que teremos que seguir, depois de termos esbanjado muitos milhões.
Uma das reformas que está na ordem do dia é, pois, a da Administração do Poder Local.
Nesta reforma estão definidos os seguintes objetivos: setor empresarial local; organização do território; gestão municipal, intermunicipal e financiamento; democracia local.
Como qualquer reforma, não é pacífica, nem agrada a todos. E a melhor maneira de a procurar travar ou mesmo subverter é começar a discussão pelo fim.
Assim, o objetivo que tem merecido maior discussão tem sido o da organização do território, isto é aquele que visa alterar o mapa dos concelhos e das freguesias.
Por isso, não admira que a discussão esteja a ser centrada na questão de saber quantas e quais são as juntas de freguesia ou até as câmaras municipais que devem acabar.
Julgo que a discussão se deveria iniciar pela necessidade efetiva que há de reordenar a administração local, face às novas realidades decorrentes da evolução demográfica, das competências dos órgãos autárquicos, da sua relação com as comunidades que servem, dos recursos que têm, que geram e que gerem.
Se assim se fizesse, sem populismos e sem demagogia, todos teríamos a ganhar.
Mas não me parece que por aí se vá.
Vejamos o caso do nosso concelho.
Esta questão que é crucial para algumas das nossas freguesias ainda não mereceu uma palavra pública de quem terá de gerir este processo.
Ainda não apresentou os estudos ou as informações que trocou com o Governo sobre o assunto.
Apenas se sabe, pela comunicação social, que vem defender a regionalização, quando essa não é a reforma que está em causa.
É urgente começar uma séria discussão desta reforma.
Todos nós, cidadãos, temos uma palavra a dizer. Todos devemos ser convocados a participar.
Espero que não aconteça como é hábito, deixar tudo para o último dia e depois escudarmo-nos nos argumentos de que não há tempo, que não há outras propostas, que não há participação.
Exige-se responsabilidade, porque esta reforma terá sérias consequências para o futuro de todos nós.

Texto para a edição online de "O Basto"

terça-feira, 29 de novembro de 2011

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Sexalescentes

Se estivermos atentos, podemos notar que está a aparecer uma nova franja social: a das pessoas que andam à volta dos sessenta anos de idade, os sexalescentes : é a geração que rejeita a palavra "sexagenário", porque simplesmente não está nos seus planos deixar-se envelhecer.

Trata-se de uma verdadeira novidade demográfica - parecida com a que, em meados do século XX, se deu com a consciência da idade da adolescência, que deu identidade a uma massa de jovens oprimidos em corpos desenvolvidos, que até então não sabiam onde meter-se nem como vestir-se.
Este novo grupo humano que hoje ronda os sessenta teve uma vida razoavelmente satisfatória.
São homens e mulheres independentes que trabalham há muitos anos e que conseguiram mudar o significado tétrico que tantos autores deram durante décadas ao conceito de trabalho. Que procuraram e encontraram há muito a
actividade de que mais gostavam e que com ela ganharam a vida.

Talvez seja por isso que se sentem realizados... Alguns nem sonham em reformar-se. E os que já se reformaram gozam plenamente cada dia sem medo do ócio ou da solidão, crescem por dentro quer num, quer na outra. Disfrutam a
situação, porque depois de anos de trabalho, criação dos filhos, preocupações, falhanços e sucessos, sabe bem olhar para o mar sem pensar em mais nada, ou seguir o voo de um pássaro da janela de um 5.º andar...

Neste universo de pessoas saudáveis, curiosas e activas, a mulher tem um papel destacado. Traz décadas de experiência de fazer a sua vontade, quando as suas mães só podiam obedecer, e de ocupar lugares na sociedade que as
suas mães nem tinham sonhado ocupar.
Esta mulher sexalescente sobreviveu à bebedeira de poder que lhe deu o feminismo dos anos 60. Naqueles momentos da sua juventude em que eram tantas as mudanças, parou e reflectiu sobre o que na realidade queria.
Algumas optaram por viver sozinhas, outras fizeram carreiras que sempre tinham sido exclusivamente para homens, outras escolheram ter filhos, outras não, foram jornalistas, atletas, juízas, médicas, diplomatas... Mas cada uma fez o que quis : reconheçamos que não foi fácil, e no entanto continuam a fazê-lo todos os dias.

Algumas coisas podem dar-se por adquiridas. Por exemplo, não são pessoas que estejam paradas no tempo: a geração dos "sessenta", homens e mulheres, lida com o computador como se o tivesse feito toda a vida. Escrevem aos filhos que estão longe (e vêem-se), e até se esquecem do velho telefone para contactar os amigos - mandam e-mails com as
suas notícias, ideias e vivências.

De uma maneira geral estão satisfeitos com o seu estado civil e quando não estão, não se conformam e procuram mudá-lo. Raramente se desfazem em prantos sentimentais.

Ao contrário dos jovens, os sexalescentes conhecem e pesam todos os riscos.
Ninguém se põe a chorar quando perde: apenas reflecte, toma nota, e parte para outra...

Os maiores partilham a devoção pela juventude e as suas formas superlativas, quase insolentes de beleza ; mas não se sentem em retirada. Competem de outra forma, cultivam o seu próprio estilo... Os homens não invejam a
aparência das jovens estrelas do desporto, ou dos que ostentam um fato Armani, nem as mulheres sonham em ter as formas perfeitas de um modelo. Em vez disso, conhecem a importância de um olhar cúmplice, de uma frase
inteligente ou de um sorriso iluminado pela experiência.

Hoje, as pessoas na década dos sessenta, como tem sido seu costume ao longo da sua vida, estão a estrear uma idade que não tem nome. Antes seriam velhos
e agora já não o são. Hoje estão de boa saúde, física e mental, recordam a juventude mas sem nostalgias parvas, porque a juventude ela própria também está cheia de nostalgias e de problemas.
Celebram o sol em cada manhã e sorriem para si próprios...

Talvez por alguma secreta razão que só sabem e saberão os que chegam aos 60 no século XXI ...



Autor desconhecido

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O rei, o pirata e o professor

Publico este artigo do Prof. Dr. João Ruivo, com o agradecimento da seu envio.

Era uma vez uma parábola que se narrava mais ou menos assim:
Numa ilha distante governava um rei amigo da folia, da boa mesa, da riqueza dos bens terrenos e cuja honra não lhe permitia trabalhar. 
Desonra era também que os seus familiares e o vastíssimo séquito de seguidores ousassem ganhar proventos pela labuta do dia-a-dia, que era considerada coisa menor, desprezível, imprópria e apenas vocacionada para os que não tinham tido a sorte de se acolherem no colo do poder. Ou seja, trabalho era ofício dos mandados e desmérito dos mandantes.
Para suprir aos gastos do lazer e da abastança, o rei lançava frequentes e cada vez mais pesados impostos, taxas e portagens sobre os que dependiam dos rendimentos da sua árdua labuta.
Os mares que rodeavam a ilha estavam infestados de piratas que assaltavam e roubavam a seu belo prazer qualquer barco que deles se aproximasse (mesmo algum em aflição e busca de ajuda…) e com demasiada frequência invadiam as aldeias das costas para pilharem os parcos haveres dos incautos cidadãos. Por essa via, acumularam bens e riquezas incalculáveis, dinheiro fácil, terras, mordomias e isenções fiscais. Porém, quando em terra, com as suas famílias, faziam-se passar por discretos e honrados citadinos, cuja muita faina e alguma sorte tinham abençoado o seu destino.
Como os gastos do rei e dos mandantes crescessem na proporção directa da sua ambição, e os proventos já raramente chegassem para as permanentes despesas, começou a ser costume que a corte solicitasse aos piratas empréstimos, que estes lhe cediam em troca de favores inconfessáveis e juros incalculáveis. 
Esta passou a ser a regra da convivência pacífica entre a corte e a piratagem, o que levou à criação de um modelo de sociedade, ferozmente defendido, estudado, elogiado, e publicitado em vastíssimas obras pelos escrivães ao serviço do reino.Um dia, porém, eis senão quando a ganância dos piratas no uso e abuso das embarcações para as contínuas investidas em navios, terras e gentes os fez distrair, não calculando atempadamente o furor de uma tempestade que, num só dia, devastou a frota, e os deixou depenados e sem meios de prosseguir o corso.
Perante tão imprevista desgraça, chegou a vez dos piratas se aproximarem do rei falido, anunciando-lhe que nesse mesmo dia findavam os empréstimos e, por isso, pediam a ajuda do poder: era preciso muito dinheiro para reconstruir a armada e recapitalizar os corsários. Sem isso, estes não podiam acumular novamente riquezas e bens que lhes permitissem voltar a financiar a abastança do rei e da sua corte.
O rei, pensando bem no modelo e regras de convivência pacífica que durante tantas décadas tinham guiado o seu reinado e tantos elogios mereciam dos seus mais iluminados escribas, decidiu reabilitar os piratas e enviou para os campos as suas milícias para forçadamente recolherem mais impostos, taxas e portagens aos trabalhadores, e obrigando mesmo à apanha de galinhas, ovos, gado e forragens, que merecessem ainda algum valor de troca nos mercados tradicionais.
Com essa sábia decisão, e apesar da agonia lenta dos ofícios, dos artesão e dos mesteirais; apesar do progressivo abandono das terras e oficinas; apesar da fome, da doença e da extrema pobreza em que mergulhou o reino; apesar de tudo isso, o rei, a sua corte e os piratas conseguiram estabilizar as suas economias e regressar ao afamado modelo de normalidade com que as suas vidas sempre tinham sido bafejadas.
E o professor? Perguntarão os mais atentos ao título desta parábola.
Como o rei e a corte convenientemente perceberam que os piratas, apesar de incultos e iletrados, tinham angariado fortuna e estatuto sem o recurso aos ofícios das letras, das artes e das ciências, mandaram de pronto fechar a escola e estancar essa inútil despesa.
Porém, não fosse o professor criar algum incómodo público, ou mesmo algazarra, por se sentir desnecessária, desmerecida e indevidamente desocupado, desterraram-no para uma inóspita costa e obrigaram-no a sentar-se num penhasco, virado para o mar, a ver passar navios.

João Ruivo
www.rvj.pt/ruivo
ruivo@rvj.pt

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

VIVER OU JUNTAR DINHEIRO ?


Recebi uma mensagem muito interessante de um ouvinte da CBN e peço licença para lê-la na íntegra, porque ela nem precisa dos meus comentários.
 
Lá vai:
 
“Prezado Max meu nome é Sérgio, tenho 61 anos, e pertenço a uma geração azarada.
Quando eu era jovem as pessoas diziam em escutar os mais velhos, que eram mais sábios.
Agora me dizem que tenho de escutar os jovens porque são mais inteligentes.
Na semana passada eu li numa revista um artigo no qual jovens executivos davam receitas simples e práticas para qualquer um ficar rico.
E eu aprendi muita coisa.
Aprendi por exemplo, que se eu tivesse simplesmente deixado de tomar um cafezinho por dia, durante os últimos 40 anos, eu teria economizado R$ 30.000,00.
Se eu tivesse deixado de comer uma pizza por mês teria economizado R$ 12.000,00 e assim por diante. Impressionado peguei um papel e comecei a fazer contas, e descobri para minha surpresa que hoje eu poderia estar milionário.
Bastava eu não ter tomado as caipirinhas que eu tomei, não ter feito muitas das viagens que fiz, não ter comprado algumas das roupas caras que eu comprei, e principalmente não ter desperdiçado meu dinheiro, em itens supérfluos e descartáveis.
Ao concluir os cálculos percebi que hoje eu poderia ter quase R$ 500.000,00 na conta bancária. É claro que eu não tenho este dinheiro. Mas se tivesse sabe o que este dinheiro me permitiria fazer? Viajar, comprar roupas caras, me esbaldar com itens supérfluos e descartáveis, comer todas as pizzas que eu quisesse e tomar cafezinhos à vontade.
Por isso acho que me sinto feliz em ser pobre.
Gastei meu dinheiro com prazer e por prazer, porque hoje com 61 anos não tenho mais o mesmo pique de jovem, nem a mesma saúde, portanto viajar, comer pizzas e cafés não fazem bem na minha idade e roupas hoje não vão melhorar muito o meu visual.
E recomendo aos jovens e brilhantes executivos, que façam a mesma coisa que eu fiz. Caso contrário eles chegarão aos 61 anos com um monte de dinheiro, mas sem ter vivido a vida.
Não eduque o seu filho para ser rico, eduque-o para ser feliz.
Assim, ele saberá o valor das coisas, não o seu preço...”
 
"Max Gehringer"

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Novo holocausto

PARA QUE O MAL VENÇA BASTA O SILÊNCIO DOS QUE QUEREM O BEM

O Arcebispo de Kirkuk (Iraque), D. Louis Sako, fez ontem um sentido
apelo aos cristãos da Arquidiocese de Braga e, através destes, aos
cristãos portugueses e europeus, para que não se acomodem a ver os
ataques que estão a ser feitos à Igreja, especialmente no Médio
Oriente e Ásia, e «saiam para a rua» em protesto. «Por favor, não se
esqueçam de nós! Somos vossos irmãos», rogou o prelado, que falava no
Auditório Vita, em Braga, numa conferência organizada pela Comissão
Arquidiocesana Justiça e Paz em parceria com a Fundação Ajuda à Igreja
que Sofre.

ESTE ANO JÁ FORAM ASSASSINADOS 160 MIL CRISTÃOS. PODERÁ SE O SEGUNDO
HOLOCAUSTO, COM OS ISLAMITAS NO LUGAR DE HITLER

Até quando vamos ficar calados e quietos no nosso comodismo?

O holocausto tem as suas raizes na aprovação pelo parlamento alemão de
legislação que retirou alguns direitos aos judeus, transformando-os em
cidadãos de segunda. E os povos ditos civilizados não protestaram, não
levantaram a voz. Nos países islamitas acontece o mesmo em relação aos
cidadãos não muçulmanos: não são cidadãos de pleno direito. Nem
legalmente nem de facto. E ninguém protesta. Nós, através da NATO, até
ajudamos a criar países muçulmanos em terras cristãs (ex-Jugoslávia) e
propiciamos condições para que os muçulmanos possam exterminar os
cristãos.

Como não há causa sem efeito, pagaremos cara esta nossa cobardia colectiva!

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Cuidado com a Super Cola 3

É preciso muito cuidado com as mãos na utilização da “SuperCola 3”.
Coitada da Senhora!
Mas como é que ela consegue vestir o casaco?!



domingo, 6 de novembro de 2011

Conferência em Cabeceiras

Divulgo a realização da conferência a realizar no próximo sábado, dia 12 de Novembro, pelas 21 horas, no auditório do Quartel dos Bombeiros Voluntários Cabeceirenses, com o deputado europeu Eng.º José Manuel Fernandes.

Atração pelo abismo


O abismo é sempre um desafio.
Um desafio à coragem, um desafio às nossas capacidades, um desafio aos limites.
O abismo é também a beleza, a expressividade da Natureza.
Mas nas relações sociais, na economia, na vida coletiva, existem limites e o ultrapassar desses limites também nos leva ao abismo.
A crise económica e financeira, que a Europa vive, tem vindo a levar ao abismo as economias mais fracas, mais vulneráveis, com a Grécia à cabeça.
Porém, a Grécia tem revelado um atração fatal pelo abismo.
Mesmo agora que a Europa chegou a acordo para perdoar parte considerável da dívida grega e para emprestar mais uma centena de milhar de milhões euros, eis que o primeiro-ministro resolveu requerer um referendo. Costuma-se dizer: pobres e mal agradecidos!
Alguém espera que um povo, que há meses vive em rebelião por causa das medidas de austeridade, vai viabilizar, em referendo, as medidas que contesta?
Obviamente que não!
Esta situação cria uma situação agravada de crise internacional, que desde logo provocou enorme erosão financeira.
Erosão que se sente, de forma mais acentuada, nas economias mais sensíveis, como a nossa.
Com a evolução negativa que se regista, estamos a correr para o abismo, com consequências imprevisíveis.
Também por cá há quem julgue que se resolve o problema desafiando os limites, não cumprindo os compromissos que assumimos.
Nesse caso temos os partidos de esquerda (PC, BE) que desde o princípio se demarcaram de qualquer compromisso, de qualquer negociação. Mas temos agora o próprio PS que não sabe o que fazer da vida.
Pediu o apoio internacional. Negociou os seus termos. Durante o tempo em que ainda governou fê-lo da forma mais irresponsável, deixando agravar o défice nos primeiros seis meses do ano. E agora tem dúvidas quanto à posição a tomar?
Não tem a responsabilidade pela situação criada, pelos termos dos compromissos internacionais que subscreveu?
Ou será que Seguro também quer cair no abismo da irresponsabilidade de Sócrates?
Os portugueses já pagaram e vão pagar ainda mais pela irresponsabilidade de uma governação que foi de delapidação do erário público.
Hoje, temos a obrigação de cumprir os compromissos que assumiram para resolver os problemas que criaram.
As medidas são duras, muito duras, mas não temos alternativa.
Melhor, temos o abismo por limite.

Publicado na edição online de "O Basto"

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

11/11/11 – O FIM DO ENSINO


Em tempos passou um sábio por um reino, deixando todos maravilhados com a sua sabedoria. De tal modo sábio, mas também ousado, propôs ao rei ensinar o seu burro a falar no espaço de um mês, a troco duma quantia acordada. O rei, como gostava de possuir aquilo que mais ninguém tinha, aceitou a proposta. O sábio, passado o mês, vai ao palácio real entregar o burro, uma vez que havia já cumprido o seu trabalho. No dia seguinte, o rei mandou que trouxessem o homem à sua presença, indignado por este não ter ensinado o burro a falar e reclamando o seu dinheiro de volta. Então, com uma atitude humilde, o sábio disse que não devolveria o dinheiro porque tinha, de facto, e ao contrário do que o rei afirmava, ensinado o burro a falar. “Como, se ele não fala?”, perguntou o rei, furioso. Então o sábio respondeu, seguro de si: “Isso não é problema meu. Eu ensinei, ele é que não aprendeu.” O rei era um homem sensato, apesar das suas manias, pelo que deixou o homem ir em paz.

Esta parábola antiga evidencia aquilo que é fundamental para que a aprendizagem aconteça: um lado a ensinar e outro a aprender. Quem não quiser, ou não tiver condições à partida para fazer uma determinada aprendizagem, não a fará. E nesse caso não se podem apontar culpas a quem ensina. Ora, este é o grande drama do ensino na atualidade. Os alunos não são burros, mas se a sua atitude não for a adequada face à aprendizagem, também não aprenderão, e isso não quer dizer que o professor não esteja a cumprir o seu papel. Por vezes ouve-se de alguns alunos e de alguns pais (e não só) que os professores não ensinam. Seria importante que tivessem esta parábola em mente.
Quem teima em atribuir culpas aos professores tem de olhar para esta realidade, uma vez que o comportamento dos alunos é o grande responsável pelo seu insucesso. Então pode questionar-se… A quem compete mudar este estado de coisas? E resposta é simples… É a quem permite que isto aconteça. Não são os professores que ensinam os comportamentos incorretos aos alunos, nem são eles que produziram a legislação que empecilha todo e qualquer trabalho sério no sentido de os disciplinar.
Nas situações mais complicadas manda-se para a rua. (Muitos professores não mandam por causa daquilo que está escrito neste parágrafo.) Para mandar para a rua é preciso preencher papéis. Depois os pais contestam os papéis, às vezes com mais papéis. Para fazer um conselho disciplinar é preciso que haja muitos papéis desses, de preferência acompanhados por outros papéis, acrescentados por quem instaurar o processo, se for caso disso. O conselho de turma propõe uma pena que poderá não agradar ao diretor da escola, nem aos membros do conselho pedagógico. Quer dizer, lá no fundo concordam, mas não decidem de acordo com a sua consciência com receio de que venham outros papéis: dos pais, da sua associação, da psicóloga, da direção regional ou do ministério… que façam tudo voltar atrás. Isso obrigaria a analisar de novo os antigos papéis e a apreciar os novos papéis, a equacionar anteriores receios e os novos receios. No fim, os diretores e os conselhos pedagógicos acabarão, em regra, por decidir aquilo que mais agradar aos pais, que é uma simples repreensão escrita ou o arquivar do processo. Escusado seria dizer que o professor poderá muito bem vir a ser apontado, pelo aluno e pelos pais, como o culpado por tudo isto.
Mas as questões disciplinares são muito mais complexas do que aquilo que se restringe a uma sala de aula. Nas muitas escolas onde os problemas disciplinares não têm o desfecho que deviam ter, os alunos passam de boca em ouvido a mensagem “aqui podemos fazer o que quisermos porque não nos acontece nada”. Isso inclui estragar equipamentos, agredir colegas, insultar professores e funcionários. Obviamente, assim já se percebeu que não se vai lá e que ambos perdem: os professores, porque se desgastam e desmotivam; os alunos, porque não aproveitam como poderiam as aprendizagens que os professores lhes tentam passar.
Não cumprindo o seu papel, o ensino chegou ao fim. Já não é ensino porque deixou de haver educação. O ensino não sobrevive à ausência de educação. Daqui a uns tempos não se chame ensino a “isto”, porque “isto” já não o será. Utilize-se ou invente-se outra palavra. Porque gostamos de números curiosos, podemos propor como data simbólica para o fim do ensino o dia 11/11/11, onde cada 1 existe a par com outro 1. Facílimo de recordar, por muito tempo que passe.
Paz à sua alma.
António Galrinho
Professor

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A dura realidade

Não tenhamos ilusões: não há outra solução, com este ou com outro governo qualquer.
Os desvarios dos últimos anos tinham que dar neste resultado.

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Excelente Análise do Jose Gomes Ferreira ao actual Estado do País.... Provando a enorme irresponsabilidade da Governação da Era Sócrates... Era bom que este ...

A crise é a melhor bênção

Não podemos desejar ou pretender que as coisas mudem, fazendo sempre o mesmo. A crise é a melhor bênção que pode acontecer com as pessoas e países, porque a crise traz progressos. A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise, supera-se a si mesmo sem ficar "superado".

Quem atribui à crise os seus fracassos e penúrias, violenta o seu próprio talento e respeita mais os problemas do que as soluções. A verdadeira crise, é a crise da incompetência. O inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de encontrar as saídas em soluções fáceis. Sem crise não há desafios, sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É na crise que se aflora o melhor de cada um. Falar de crise é promovê-la, e calar-se sobre ela é exaltar o conformismo. Em vez disso, trabalhemos duro. Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la."

*Albert Einstein