terça-feira, 30 de novembro de 2010

Ofensa aos Profesores


Tribunal julga Emídio Rangel por difamação de professores

O TIC de Coimbra entendeu tratar-se de «um discurso manifestamente desproporcional, lesando a honra e consideração dos assistentes». «De facto, para opinar sobre a manifestação, não podia o arguido ofender os assistentes da forma como o fez. Entende-se que, neste caso, pretendeu-se desconsiderar, humilhar e rebaixar os professores que integravam a manifestação em causa. Entende o tribunal que as expressões em causa ultrapassam os limites do direito de expressão, sendo ofensivas da honra e consideração dos assistentes», lê-se no despacho de pronúncia.
«Deve o arguido ser pronunciado por dois crimes, mas de difamação, tal como vem acusado pelos assistentes e não de injúrias, como consta da acusação do Ministério Público, uma vez que as expressões em causa não foram dirigidas directamente aos assistentes, mas a terceiros através da comunicação social. E por terem sido divulgadas desta forma e ainda pelo facto dos assistentes serem docentes, encontram-se os crimes agravados nos termos constantes das acusações», concretiza a pronúncia.


(aconselho a leitura integral da notícia)

"Camões" na actualidade

I

As sarnas de barões todos inchados
Eleitos pela plebe lusitana
Que agora se encontram instalados
Fazendo aquilo que lhes dá na gana
Nos seus poleiros bem engalanados,
Mais do que permite a decência humana,
Olvidam-se de quanto
proclamaram
Em campanhas com que nos
enganaram!

II

E também as jogadas habilidosas
Daqueles tais que foram dilatando
Contas bancárias ignominiosas,
Do Minho ao Algarve tudo devastando,
Guardam para si as coisas valiosas...
Desprezam quem de fome vai chorando
!
Gritando levarei, se tiver arte,
Esta falta de vergonha a toda a parte!

III

Falem da crise grega todo o ano!
E das aflições que à Europa deram;
Calem-se aqueles que por engano...
Votaram no refugo que elegeram!
Que a mim mete-me nojo o peito ufano
De crápulas que só enriqueceram
Com a prática de trafulhice tanta
Que andarem à solta só me espanta.

IV

E vós, ninfas do Douro onde eu nado
Por quem sempre senti carinho ardente
Não me deixeis agora
abandonado
E concedei engenho à minha mente,
De modo a que possa, convosco ao lado,
Desmascarar de forma eloquente
Aqueles que já têm no seu gene
A besta horrível do poder perene!

Autor desconhecido, mas digno no plágio...

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

"Enforquem" o Mourinho

O Real Madrid perdeu por 5 -0!!!!!
Será que Mourinho deixou de ser o "maior"? O special one?
"Enforquem-no" também, como é costume por cá...

domingo, 28 de novembro de 2010

sábado, 27 de novembro de 2010

ESCOLA DOS PROJECTOS

Depois de analisar o suplemento do Jornal Público sobre o Ranking do
Ensino Básico e Secundário, editado no dia 15 de Outubro passado,
cheguei à seguinte conclusão (sem surpresa para quem vive a escola):
Mesmo sem a inferência dos ausentes (e necessários) indicadores
compósitos, as caras da avaliação interna e externa dizem tudo, o
facilitismo que reina na escola pública e a segurança que a escola
privada tem na preparação dos seus alunos.
Muitos são os factores que contribuem para todo este fracasso da
escola pública. Hoje decidi falar da "Escola dos Projectos". Se
tivesse optado por "Escola dos Relatórios", "Escola dos Papeis",
Escola da Burocracia", "Escola do Acessório" ou "Escola da Treta"
estaria, igualmente, em consonância com a realidade.
Relativamente aos projectos dinamizados directa ou indirectamente pela
tutela, a procura realizada na página Web do próprio Ministério da
Educação veio a revelar-se extremamente fértil. Em minha opinião, a
quantidade de projectos que surgem associados à Educação é
directamente proporcional ao desnorte (ignorância) dos seus
protagonistas. Não sabendo como resolver os problemas estruturais
(incompetência), os arautos que actualmente gravitam em torno da
educação encontram nos projectos a fórmula mágica para a resolução de
todos os problemas. "Dinamiza esse projecto que é giro", dizia na
semana passada um desses sujeitos. E assim se avança, porque "é giro".
Pouco, ou mesmo nada, importa se aquilo contribui para uma melhor
preparação dos alunos.

Projecto Municipal de Educação
Projecto Educativo de Escola
Projecto Curricular de Escola
Plano Anual de Actividades
Planos Curriculares de Turma
Projecto do Desporto Escolar (Andebol de Praia, Comité Olímpico de
Portugal, Compal Air 3x3; Corta-Mato, FitnessGram, Gira Volei,
IndoorKayak, Jogos da Lusofonia, MegaSprinter, Nestum Rugby, O Bicas
na Escola, Programa Pessoa, Taça Luís Figo, Tri-Escola)
Projecto da Mediação de Conflitos
Projecto da Educação para a Saúde
Projecto da Protecção Civil
Plano Nacional de Leitura
Plano de Acção para a Matemática
Plano Tecnológico de Educação
Projecto TurmaVirtual
Programa Criativos
Concurso Viagem ao Futuro com as Células Estaminais
Passatempo Desafio Verde nas Escolas
Programa Mundial das Escolas Inovadoras
Concurso a Europa Sou Eu
Iniciativa 1001 Músicos
Projecto Juventude Saber com Normas
Programa Green Cork na Escola
Projecto TurmaMais
Projecto Fénix
Programa Espaço NOESIS
Projecto Ciência na Escola (Fundação Ilídio Pinho)
Projecto Saber com Normas
Projecto DECOJovem
Concurso Escolar Europa no Mundo
Concurso Ciência Hoje/Ciência Viva
Programa Educativo do Museu Nacional de Arqueologia
Projecto eTwinning
Projecto MUS-E
Concurso Limpar Portugal
Iniciativa e.Skills Portugal
Concurso Jovens Cientistas e Investigadores
Concurso o Meu Mapa
Projecto Sons da Escola
Concurso Grande Será o Nosso Futuro
Projecto Europeu da Internet Segura
Os Neurocientistas Vão à Escola
Projecto a Europa dos Resultados
Projecto Educação para a Cidadania Democrática e para os Direitos Humanos
Concurso Criatividade Grande C
Programa Mais Sucesso Escolar
Projecto Atua Por Uma Cidadania Global
Projecto Europa das Descobertas e das Inovações Científicas
Projecto SEF vai à Escola
Concurso Rali Escolar
Projecto Laboratório Oceano - A Escola e a Ciência dos Oceanos
Concurso a Europa Mora Aqui
Olimpíadas da Energia e das Alterações Climáticas
Projecto e-learning
Projecto n&n's (nanociências e nanotecnologias)
Projecto Já Sei Ler
Concurso Faz Portugal Melhor
Programa Descobrir
Concurso Twist - a tua energia faz a diferença
Projecto Ciências na Escola 2Cn=e (FCT da UNL)
Programa República nas Escolas
Projecto SeguraNet
Projecto Escola-Electrão
Projecto Portugal Tecnológico
Iniciativa Inside - Arte e Ciência
Concurso Rock in Rio Escola Solar
Concurso As Línguas Abrem Caminhos
Projecto Novas Oportunidades a Ler +
Concurso eLearning Awards
Projecto Portal Planeta Vida
Projecto e-Bug em Portugal
Projecto Ler+, Agir contra a Gripe
Concurso Innovating Minds
Projecto Escola Móvel
Projecto Passaporte Cultural
Projecto ComCiência na Escola - Encontros e Desafios
Projecto Pedagógico recorrendo ao portátil Magalhães
Concurso Região com Futuro
Projecto Juventude (IPQ)
Projecto Escola. Futebol. Cidadania.
Projecto Mundo das Profissões
Concurso Nacional para Jovens Cientistas e Investigadores
Projecto Casa das Ciências (Gulbenkian)
Concurso Escolar A Minha Escola Adopta: um museu, um palácio...
Projecto Cinemateca Júnior
Projecto Ser um dia para um dia ser
Projecto Investigação sobre Factores de Sucesso Escolar
Projecto As Lições de Bach
Programa Aprendizagem ao Longo da Vida
Projecto The Pizza Business Across Europe
Projecto Biblioteca de Livros Digitais
Concurso A minha escola e a prevenção da infecção VIH/sida
Projecto Comunicação e Sensibilização para o Mar
Projecto Científico MHADIE
Projecto Incentivo à Leitura
Concurso de superTmatik Cálculo Mental
Projecto Eleonore Digital - Software Livre
Projecto Prosepe - Clube da Floresta
Projecto Escolas-Piloto de Alemão
Projecto Ler+ dá Saúde
Projecto Parlamento Europeu da Ciência
Concurso TNT Tou na Net
Concurso A minha escola contra a discriminação
Iniciativa Ler+ em vários sotaques
Projecto DADUS
Projecto Leitura em Vai e Vem
Projecto Fazer TV
Projecto Escola na Natureza
Concurso Dia da Internet Segura
Projecto Portal SKOOOL
Concurso A União Europeia e a não discriminação
Projecto Visão Verde
Concurso Nacional de Jornais Escolares
Projecto pela Inclusão Social
Iniciativa Regresso à Escola
Concurso Cidades Criativas
Projecto Nacional de Educação para o Empreendedorismo
Projecto Linha Alerta
Projecto Internacional contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Droga
Projecto Comenius Educação Inclusiva
Projecto Onde Te Leva a Imaginação

Onde fica o espaço para o desenvolvimento dos saberes relativos às
áreas curriculares disciplinares?
Acreditamos, ou não, no ensino por disciplina?

Quanto mais transdisciplinar é uma formação, mais vaga e fluida se
torna a sua aplicação
(D, p3, Parecer n.º 2/2009 do CNE)

Eu acredito.

(Desconheço o autor, mas tem razão.)

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Os amigos do Marco



Ando nas coisas da escrita há muitos anos.
O jornalismo tem sido a forma mais visível dessa actividade. Quer na área noticiosa, quer na de opinião.
Com a bloguesfera continuei a dar livre curso à expressão do meu pensamento.
Chegou, agora, a hora de editar um livro infantil.
Há sempre um dia para tudo.
Desta vez, para editar um dos últimos trabalhos que realizei com os alunos da minha Escola, exactamente na véspera da minha aposentação.
"Os amigos do Marco" estará, a partir de hoje, na fase de edição e comercialização, no Sítio do Livro, e também na livraria Leya Barata ou directamente junto do autor e editor.
Espero, depois, as vossas críticas e sugestões.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Em dia de Greve

Para hoje as mais importantes forças sindicais, de todos os quadrantes político-partidários convocaram uma Greve Geral, para protestar contra a situação de crise instalada e contra as medidas adoptadas para a combater.
De todos os quadrantes sociais, desde a Igreja às empresas, ninguém ficou indiferente.
Chegamos a um ponto de ruptura inimaginável. A uma situação que nos foi escamoteada pelo Governo e principalmente pelo Ministro das Finanças.
É certo que a Greve Geral não resolveu nada. Talvez até tenha acrescentado mais algumas milionésimas nas contas negativas da nossa produção.
Porém, é importante dizer basta.
É urgente mudar de rumo.
Torna-se imperioso que quem nos afogou em dívidas, quem destruiu a nossa economia, seja efectivamente afastado da governação.
O nosso protesto deve passar dos actos simbólicos à criação de verdadeiras alternativas.
É urgente que nos unamos em torno do nosso País e consigamos inverter este estado de coisas.
Exige-se responsabilidade, rigor, eficiência, produtividade.
Nós somos capazes!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Citações

Um povo corrompido não pode tolerar um governo que não seja corrupto.
Fonte: "Máximas"
Autor: Maricá , Marquês Tema: Corrupção


Será este o nosso "fado"?!

domingo, 21 de novembro de 2010

Uma vagina com muita musicalidade

Uma "artista" surpreendeu a plateia que assistia e o resto do mundo ao usar o órgão genital para transmitir a sua musicalidade. Nada pornográfico. Apenas bizarro e inédito. Veja.

Tiago Mesquita
(www.expresso.pt)8:00 Quinta feira, 18 de Novembro de 2010

Há pessoas que se exprimem através da escrita. Outras preferem as artes plásticas ou a pintura. Muitos gostam de transmitir o que lhes vai na alma através da música. E é neste último grupo, dos músicos, que se inscreve o nome de "Amy G". Amy tornou-se famosa pelo vídeo em que aparece a "tocar" da melhor forma que sabe. Não se sabe se o "G" que ostenta no nome terá alguma conotação sexual, mas o efeito sonoro que o órgão da senhora consegue reproduzir é no mínimo curioso.
Tratando-se isto de uma farsa como parece, o designado playback vaginal, só valoriza a actuação de Amy. Digo isto porque há poucos dias vi a artista Dina a fazer um playback na televisão, mexia os lábios (da boca entenda-se) ao som da música "Amor d´água fresca" que levou ao Festival da Canção, em 1992, (tema genial de Rosa Lobato Faria ) e esteve francamente mal. Péssimo playback. Ou seja, Amy faz melhor playback com a vagina do que Dina com a boca. Mas em boa verdade se diga que a comparação é fraca, até porque não faço ideia do que a artista Dina é capaz de fazer em termos musicais sem ser na forma tradicional - a cantar com a boca e a tocar viola com as mãos.
Posto isto, e antes de passarmos ao vídeo, devo dizer que sou a favor da livre transmissão da musicalidade da forma que cada um quiser e pelos orifícios que entender, desde que no processo criativo não fira a sensibilidade alheia. Ou as narinas.


sábado, 20 de novembro de 2010

Dicionário socrático

Há um vasto conjunto de palavras e expressões que se vêm transformando num novo léxico e num novo linguajar: o socratês.

A vida sem exame não é verdadeiramente vivida.
(Sócrates, 470-399 a.C.)

Uma garrafa de vinho meio vazia também está meio cheia, mas uma meia mentira nunca será uma meia verdade.
(Jean Cocteau, 1889-1963)

Quase seis anos de Governo presidido por José Sócrates permitem encontrar um vasto conjunto de palavras e expressões que, de tão usadas com singular significado por ele e seus fiéis seguidores, se vêm transformando num novo léxico e num novo linguajar: o socratês. Neste breve espaço, eis alguns exemplos:

Pôr as contas públicas em ordem - atingir um défice de 9% do PIB

Crescimento sólido - um aumento do PIB superior a 0%

Orçamento redistributivo - orçamento rectificativo

Uma boa notícia - uma má notícia

[silêncio] - uma péssima notícia

Errata - alteração de 850 milhões

Consolidação orçamental - aumento de impostos

Orçamento de confiança - mais despesa pública

Endividamento - assunto menor a evitar

Receita temporária - Receita extraordinária

Transparência - desorçamentação

Convergência - divergência

Novas oportunidades - cuidar dos amigos

Submarino - nova unidade de conta

Promessa eleitoral - mentira

Coerência - dizer uma coisa e o seu contrário

Investidor - comprador de dívida (com juro baixo)

Especulador - comprador de dívida (com juro alto)

Último PEC - o que antecede o próximo

Crise internacional - (genérico de) desculpa

Descontos à colecta - colecta sobre os descontos

Reforçar o Estado Social - aumentar a pobreza

Golden share - golden chair (para alguns)

PT - para tudo

PPP - Para pagar posteriormente

SCUT - Pare, scut e pague

Democracias amigas - Venezuela, Angola, Líbia e China

Magalhães - "Lego" high-tec

Autocrítica - impossibilidade

Constância - Constâncio

Descida do preço dos medicamentos - descida do valor das comparticipações

Desemprego (antes JS) - apocalipse

Desemprego (com JS) - inevitabilidade

Dança a dois - fingimento

Improviso - teleponto

Convicção - arrogância

Diálogo - imposição

Espírito aberto - crispação

Referendo - diferendo diferido

Procedimento concursal - ajuste directo

Cheque-bebé - fantasia infantil

Paridade - Orçamento com perspectiva de género

Maioria relativa - maioria auto-absoluta

Factos - propaganda

Sua Eminência - Sua Santidade

Retoma - requebra

FMI - o (agora) inimigo

OCDE - o (agora) amigo

China - travesti de FMI

Balcão"Perdi a Carteira" - o próximo PEC

Ministros - directores-gerais

Directores-gerais - amanuenses

E por aqui me fico...

António Bagão Félix - 16-11-2010

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Esperteza saloia

Esperteza saloia

O concelho de Cabeceiras de Basto é o único do distrito de Braga que não tem qualquer grande superfície comercial, designada por hipermercado.

Todos os restantes concelhos têm até mais do que um desses locais de culto do consumismo.

Das duas uma, ou nós por cá somos os mais inteligentes por ter resistido à moda, ou, pelo contrário, somos os mais idiotas por não ter sabido tirar partido de um fenómeno que alterou significativamente a forma de comercializar os produtos e ser fonte de atracção social.

Tenho para mim que seguimos o segundo caminho.

Não é que eu simpatize com os hipermercados, mas sei que já não podemos viver sem eles.

Se os não temos na nossa terra, vamos, a eles, à terra dos outros. E o facto é que aí encontramos muitos nossos conterrâneos.

Desse modo, estamos a contribuir, não para o desenvolvimento da nossa terra, não para o emprego na nossa terra, não para a riqueza da nossa terra, mas sim para a terra dos outros.

É lamentável que os poderes públicos tenham enveredado pela esperteza saloia de pretensamente defender o “comércio local”, quando o caminho seguido só levou à sua depauperização e ao fluxo do comércio para outras localidades (Fafe, Guimarães, Braga).

É igualmente lamentável que os nossos comerciantes tenham seguido idêntica orientação, não se sabendo acautelar para os perigos do isolamento em que se colocaram.

Hoje é já tarde de mais, pelas razões locais e nacionais, os tempos não estão de feição para grandes investimentos. Mas não podemos continuar por este caminho.

Uns e outros, poderes públicos, empresários e comerciantes deveriam dar as mãos para, em conjunto, deixarem a política de capelinha, o olhar para o seu próprio umbigo, e lançarem um projecto adequado à defesa dos múltiplos interesses em questão.

Sei que há potencialidades, sei que há projectos, sei que há alguns interessados em avançar, mas os interesses da nossa terra, das nossas gentes, não são apenas questões para alguns. Exigem a colaboração e o empenhamento de muitos dos directamente interessados.

É altura de deixar a “esperteza saloia” do “orgulhosamente só” para um projecto partilhado, dinâmico e virado para as conjunturas do futuro.

A crise adiada

A propósito da aprovação do Orçamento de Estado para 2011 esteve iminente uma crise política.

O Governo socialista, não contente com o estado a que levou a situação financeira do país, procurou ainda saltar da carruagem, inviabilizando o apoio do PSD, para se eximir às responsabilidades presentes e futuras.

Entendia que o PSD deveria ter viabilizado à partida o orçamento, mas, depois de tudo o que aconteceu, até concordo com Passos Coelho. Esta foi a única maneira de se conhecer publicamente a dimensão da tragédia, o “buracão” das contas públicas, as resistências do “aparelho socialista” à contenção das despesas.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O abraço de Cristo Redentor

Espectacular!...
O que os recursos tecnológicos são capazes de fazer.
O Cristo Redentor "fechou" os braços, num abraço
simbólico ao Rio de Janeiro, na noite da última terça-feira.
O efeito - uma ilusão de ótica provocada por projeção de luzes e
imagens - faz parte da campanha "Carinho de Verdade", de combate à
violência e exploração sexual de crianças.
Para simular o abraço, o cineasta Fernando Salis usou oito projetores,
que cobriram a estátua com imagens do Rio, como sobrevoos de
asa-delta, as florestas e até mesmo o trânsito. Ao som de Bachianas
Brasileiras n.º 7, de Villa Lobos e com animação em 3D, a estátua
parece fechar os braços.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Uma aposta na Educação, já, e em força!

Foi esta semana apresentado o Relatório do Desenvolvimento Humano de 2010, publicado sob a égide do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, que ordena 169 países com base no chamado Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Portugal mantém-se numa posição à qual se ajusta a dúvida clássica do “copo meio cheio ou meio vazio”: o 40º lugar garante a integração no grupo dos 42 países com “muito alto desenvolvimento humano”. A educação é, neste documento, a dimensão-chave.

Façamos então uma apreciação mais pormenorizada. O IDH é um índice calculado através da combinação de três dimensões do desenvolvimento humano: a dimensão Saúde, descrita pelo indicador “esperança de vida à nascença”; a dimensão Educação, descrita pelos indicadores “número médio de anos na escola” e “número expectável de anos na escola”; e a dimensão “padrão de vida”, descrita pelo indicador “rendimento nacional bruto per capita”.

Os autores do Relatório Anual agrupam os países em quatro grupos, de acordo com o valor do respectivo índice: “muito alto”, “alto”, “médio” e “baixo” desenvolvimento humano. Importa aqui referir que esta classificação denota uma linguagem cuidadosa, característica das Nações Unidas, que visa seguramente prevenir a estigmatização dos países menos desenvolvidos. De facto, dos 169 países avaliados 127 estão integrados nos níveis “muito alto”, “alto” ou “médio”.

Portugal está na cauda dos países ditos de alto desenvolvimento humano. É bom e é mau. Quando olhamos para baixo na tabela, percebemos que existem ainda 127 países do mundo em situação mais precária. Será curioso verificar as posições do grupo dos mais notáveis países emergentes: os BRIC. Brasil (73º), Rússia (65º), Índia (119º) e China (89º), para além de rankings muito distantes do português, apresentam deficits de desenvolvimento humano muito acentuados face a Portugal, em todas as três dimensões. A situação mais extrema é a da Índia, com uma esperança de vida à nascença 15 anos inferior aos 79,1 anos portugueses, uma permanência média na escola de apenas 4,4 anos e um rendimento médio per capita que pouco ultrapassa os 3 mil dólares. Não deixo de sentir conforto, apesar de tudo, com a situação “humana” em que o país se encontra globalmente, sem perder todavia de vista que as estatísticas escondem os efeitos da desigualdade social.

Se, ao invés, olharmos para a parte superior da tabela, encontramos os países do campeonato que pretendemos disputar, designadamente a Europa desenvolvida. E aqui já importa ir ao detalhe e procurar perceber por que razão não somos capazes de aceder ao meio da tabela (em torno do 20º lugar), lugar que me parece poder ser a nossa aspiração razoável. Comparando os valores dos indicadores para Portugal com a média do grupo dos 42 países de “muito alto desenvolvimento humano”, verifica-se o seguinte: a esperança de vida à nascença é praticamente igual (79,1 anos para Portugal face a 79,5 para o grupo); o número médio de anos na escola é francamente inferior (8,0 face a 10,5); o número expectável de anos na escola é igual à média do grupo (15,5) e o rendimento nacional bruto per capita é muito inferior à média do grupo (22.105 USD face a 35.608). Conclui-se, então, que o nosso calcanhar de Aquiles está na educação (número de anos na escola) e no rendimento per capita.

A questão do rendimento bruto per capita é a expressão da incapacidade da nossa economia gerar riqueza ao nível dos nossos parceiros europeus. Mesmo excluindo da lista os países cujo altíssimo rendimento per capita assenta na disponibilidade de recursos naturais excepcionais, como a Noruega, ou em sistemas financeiros blindados, como o Luxemburgo ou o Liechtenstein, o valor médio rondaria os 30.000 USD, portanto ainda muito acima dos 22.105 USD portugueses.

Também a questão da educação, que ao longo dos anos tem sido invocada como prioritária por sucessivos governos da nação, apresenta um passivo do qual o país não parece ser capaz de se libertar. É confrangedor constatar que, em média, os portugueses frequentaram apenas oito anos de escola, contra uma média de 10,5 do grupo de “muito alto desenvolvimento humano”, enquanto países que frequentemente nos servem de referência (Espanha, Irlanda e Finlândia) estão já na zona dos 10,5 a 11,5 anos. Como consequência, a mais arrasadora e penalizadora estatística portuguesa é a percentagem de pessoas com 25 ou mais anos que completaram pelo menos o ensino secundário: uns míseros 27,5%, quando a média do referido grupo está nos 66%.

É legítimo afirmar que a produção de riqueza, sobretudo num país pequeno que não beneficia de efeitos de escala ou dimensão, depende sobretudo da produtividade. E também que o nível de formação dos recursos humanos é um factor crítico para a produtividade. Pois bem, face aos números que muito bem nos são avivados pelo Relatório Anual do Desenvolvimento Humano, não tenho dúvidas de que é na educação que o país deve apostar. Hoje, já, sem hesitações. E, francamente, não tenho visto essa aposta inequívoca nos orçamentos do Estado dos últimos anos. Nem no de 2011.

José F. G. Mendes
Correio do Minho, 2010-11-07
http://www.correiodominho.com/cronicas.php?id=2134

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O "Zé da coroa branca"



O amigo Aparício tem vindo a publicar no seu FaceBook fotos antigas, que nos remetem para o tempo da nossa meninice e juventude, passadas nas terras de Basto.
Hoje, chamou-me a atenção esta foto do denominado "Zé da Carrapata", mas que eu, e as gentes de Cavez conhecíamos por "Zé da coroa branca".
Às quintas-feiras era o dia em que os pedintes corriam o lugar de Cavez. Aí se juntavam os pobres de vários lugares de entre outros Vilela, Leiradas, Carrapata.
O Zé era um deles. Na ocasião, os mais abastados davam uma esmola de "cruzado", isto era quatro tostões que valiam quarenta centavos, hoje não há comparação possível.
Ora o Zé, esperto, pedia antes uma coroa branca, que eram cinquenta centavos e se diferenciava pelo facto de ser uma moeda branca em vez dos centavos que eram moedas escuras, tal como acontece nos dias de hoje.
Daí a alcunha de "Zé da coroa branca".
Tempos que já lá vão.
Tristes, pela pobreza em que se vivia. Alegres e ricos, pela solidariedade e amizades que se faziam, mesmo entre as diferentes classes sociais das nossas terras rurais.
Vivências que jamais se esquecem. Uma riqueza profunda da cultura e da vida da nossa terra.
Obrigado Aparício por nos ajudares a recordar e reviver o passado.

Explicação para a crise...

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

DE MÃO ESTENDIDA

Há uma placa colocada por baixo do nome "Portugal" que diz "vende-se". E outra ao lado que anuncia "saldos". É comprar agora que está barato. Vendemos de tudo um pouco. Dívida com excelente remuneração, ações de bancos ao preço de um café, participações que deixaram de ser estratégicas. É só escolher. E pagar, claro. A necessidade interna é muita, o apetite externo ainda maior. O governo é uma espécie de agência de liquidação de um país falido. Até agora viveu a crédito. A partir de agora está nas mãos dos credores. Como um fidalgo arruinado tenta vender os anéis para salvar os dedos. Em desespero esquece princípios em nome da salvação.

O governo está de mão estendida. O primeiro a responder foi o patusco Chávez. Ofereceu-lhe as duas. Em jornada insólita, pelo norte do país, prometeu comprar de novo o que já tinha comprado há dois anos, não um barco, mas muitos, não apenas as casas pré-fabricadas que já deviam estar montadas, mas cidades inteiras, e computadores "Magalhães", milhares e milhares deles.
Depois vieram os chineses. Sentados em cima da maior reserva monetária do mundo, foram recebidos como uma espécie de 'tio Patinhas' do novo século. Querem um banco? Temos aqui o BCP a jeito. Energia? Porque não a EDP? Dívida? Temos muita e a bom preço. O catálogo é imenso. É só escolher.
Os novos salvadores da nação juntaram-se aos velhos. Os angolanos continuam às compras. À Líbia deslocou-se uma comitiva que foi oferecer sabe-se lá o quê. Longe vão os tempos em que a Espanha e o Brasil eram as prioridades da nossa política externa. Agora a prioridade é encontrar quem compre. Não interessa o regime, muito menos o carácter das personagens. O dinheiro é que conta.
Agora a prioridade é encontrar quem compre. Não interessa o regime, muito menos o carácter
das personagens
Ora, nos tempos que correm há muito dinheiro que está nas 'duas mãos' de ditaduras, como a China, ou de ditadores, como Chávez ou Khadafi. Todo? Não! Há também dinheiro do outro lado. Só que esse é mais difícil. Tem critérios. Exige disciplina na sua utilização. Não é dinheiro fácil. Como, na realidade, o outro também não é. Tudo tem um preço.
No outro lado estão os mercados. E a senhora Merkel. Ambos perigosos inimigos do nosso estilo de vida. Os primeiros são dominados pela especulação. A segunda é uma chata, que não gosta que os outros gastem o que não têm. Principalmente quando é ela a pagar. São eles os culpados dos nossos problemas. O ministro das Finanças náo tem qualquer dúvida sobre o assunto. Os juros sobem por causa da ação conjugada da especulação e da senhora Merkel.
É uma certeza que sempre dá algum conforto a quem se mostrou incapaz de cortar 5OO milhões de euros num total de oito mil milhões que o Estado precisa para funcionar. Pedir é mais fácil que cortar. E o Estado o que faz é pedir. Pede a toda a gente. Vive de mão estendida à espera de uma esmola para manter uma ilusão.
Essa ilusão vai-nos sair muito cara. Venderemos o que o país tem de melhor, a preço de saldo. E o que o país tem de melhor é a alma, é a dignidade, que estão a ser arrastadas para uma humilhante feira de ocasiáo.

Luís Marques

l.s.marques@sapo.pt

domingo, 14 de novembro de 2010

Portagens, do oito ao oitenta

O (des)governo de António Guterres resolveu criar as SCTU, estradas sem custo para o utilizador, gerando um encargo para o erário público, a médio prazo.
Estava previsto que isso acontecesse lá para 2015, quando o PS já não estivesse em funções de governação.
Porém, a crise internacional e o avolumar de erros económicos e financeiros do (des)governo de Sócrates levaram à inevitabilidade de cobrar portagens nas estradas que foram construídas para serem sem custo para os utilizadores.
Já aqui referi, várias vezes, as discrepâncias que havia entre os custos nas auto-estradas e nas SCTUs.
Agora, com as novas portagens até parece inverter-se a situação.
Na semana passada fui ao Porto, seguindo o caminho que para mim era habitual: A7 do Arco até Lousada e depois SCUT até ao Porto. Anteriormente pagava duas portagens de 4,o5 euros, num total de 8,10 euros. Agora paga-se as mesmas antigas portagens e acresce 5,20 euros de novas portagens e ainda 0,60 euros de taxas administrativas, num total de 13,90 euros.
Hoje fiz o percurso pela A7 e seguindo depois pela A3. Fiz-se a viagem por 5,90 euros, num total de ida e volta de 11,80 euros, isto é 2,10 euros mais barato.
Passou-se do oito ao oitenta...
Isto é, simplesmente, um esbulho!!!!

sábado, 13 de novembro de 2010

Como os autarcas cortaram no endividamento e saíram do buraco

por Rosa Ramos, Publicado em 11 de Novembro de 2010 | Actualizado há 13 horas

Prescindiram de motoristas e secretárias e conduzem carros mais modestos: os segredos dos autarcas portugueses que mais reduziram o endividamento entre 2007 e 2009
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Bons exemplos que merecem ser seguidos...

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Cuidado com o tabaco!

Os consumidores de tabaco devem ver esta experiência.
Depois digam que não foram avisados...

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Educação em Portugal

Vale a pena ler esta entrevista da ex-ministra Lurdes Rodrigues. As nuances são interessantes...típicas, como sucede amiúde no nosso cantinho Ibérico, de quem já teve responsabilidades governativas.
Atente-se, particularmente, nestas quatro questões:
"Waiting for Superman" é o nome de um novo filme sobre a situação da educação nos EUA. O diagnóstico feito é semelhante ao que faz para Portugal: há recursos, professores, mas não descolamos de maus lugares no PISA. Porquê?

O desafio de ensinar todas as crianças sem excepção é um desafio recente (em Portugal é dos anos 80) e muito difícil. A grande perplexidade é termos chegado à conclusão de que os recursos não chegam, que há um factor fundamental, que é o factor professor, a sua qualidade, a motivação, mas também as competências especiais, nalguns casos muito exigentes, para o ensino de todas as crianças. E o papel da liderança das escolas.

A maioria dos professores tem essa ideia "moderna" da profissão que exerce?

Muitos terão, mas a resposta a essa questão está na formação e no contrato que a sociedade faz com os professores, que tem de ser explícito. Mas a formação tem aqui um papel-chave na transmissão de determinados valores, de uma determinada ética profissional, de um conjunto de traços de cultura profissional. E isso é papel das universidades.

As famílias têm consciência de que lhes compete, também, assumir a responsabilidade pelo sucesso escolar dos filhos?

Provavelmente não. A facilidade com que se dispensa um aluno da ida a uma aula significa que se está a desvalorizar não apenas os recursos (uma aula custa dinheiro aos contribuintes), como também a importância que uma aula tem.

E como chegamos a essa consciência?

Passa por uma maior responsabilização, por não sermos tolerantes com as más práticas. É evidente que educar dá muito trabalho, exige um grande esforço, um envolvimento, dedicação. A pessoa tem de dar muito de si, mas é exactamente isso que se exige se temos a pretensão de educar.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Aceitamos a diversidade nos restaurantes, na arquitectura. Por que não na escola?

Ken Robinson ficou espantado com a existência de papel higiénico de cor negra. Descobriu esta ideia portuguesa no hotel onde ficou hospedado, em Lisboa. Diz que é um exemplo de criatividade e que é esta que vai fazer os países superarem a crise económica. Para isso, cada um deve encontrar o seu "elemento". Por Bárbara Wong (texto) e Pedro Cunha (fotografia)

Há 11 anos, Ken Robinson reuniu um grupo de especialistas britânicos, envolveu escolas, professores e associações para discutir a importância da criatividade nas salas de aula. O relatório All Our Futures ficou conhecido por Robinson Report e apresentava propostas concretas. Só as medidas mais simples foram aplicadas, porque os governos arriscam pouco, diz. Mas, mesmo assim, nas escolas onde houve mudanças registou-se "um impacto nas notas dos alunos e no moral dos professores".

Desde então, o especialista em educação, armado cavaleiro por Isabel II, tem sido convidado como orador ou como especialista por países e empresas que querem inovar. A criatividade é um dos ingredientes para que cada indivíduo descubra o seu "elemento", propõe. O "elemento" é "o lugar onde as coisas que adoramos fazer e as coisas em que somos bons se reúnem", define. O Elemento, publicado pela Porto Editora, é um livro que reflecte não apenas sobre o sistema educativo, "que mata a criatividade das crianças", mas sobretudo sobre as pessoas, sobre como é que podem encontrar o segredo para serem felizes.

A criatividade deve ser ensinada nas escolas. O que aconteceu no Reino Unido depois da publicação do relatório All Our Futures
?

As artes têm muito pouco peso nos currículos e eu fiz campanha, em toda a Europa, a favor da criatividade
. Quando Tony Blair foi eleito, a tónica era "Mais educação, mais educação". Mas quando chegou ao Governo, as políticas que levou a cabo foi: mais exames, mais inspecção, mais avaliação, pagar aos professores conforme os seus resultados...Nas escolas, cresceu um clima de medo entre os professores. Não defendo que não deve haver metas, mas sempre defendi que deveria haver uma estratégia para desenvolver a criatividade. Foi criada uma comissão para estabelecer uma política nacional sobre criatividade.

À qual presidiu. O que é que aconteceu?

No relatório definimos o que era criatividade e como pô-la no terreno. Era preciso mexer nos currículos, estabelecer parcerias. O Governo não ficou muito entusiasmado, mas nós já esperávamos aquela reacção porque o relatório foi além do que foi pedido. O Governo não queria que mexêssemos muito, esperava que recomendássemos um tempo no horário para a criatividade, de preferência à sexta-feira, depois do almoço. O que aconteceu é que trabalhámos com associações de professores, directores, e quando o relatório saiu havia uma grande expectativa. As escolas não eram contra, porque os professores acreditam que não podemos preparar os alunos para o futuro sem que eles desenvolvam a sua imaginação.

Foram feitos estudos que comprovam que os alunos ingleses que trabalharam a criatividade na escola conseguiram obter melhores resultados académicos?

Sim, há imensos estudos que mostram que o que os alunos fazem e o modo como pensam depende da criatividade. Mas os governos tendem a ser cautelosos e a aplicar políticas onde nada possa correr mal.

Mas essa foi uma medida aplicada e avaliada?

O Governo pôs em prática as recomendações mais simples. Por exemplo, recomendámos que fossem feitas parcerias e foi criada uma grande organização que se tornou independente, a Creative Partnerships, que continua a desenvolver actividades. A medida foi avaliada pela Inspecção-Geral da Educação, várias vezes. No ano passado, a inspecção concluiu que o programa tinha tido impacto nas notas dos alunos e no moral dos professores. Mas não há garantias de que, por exemplo, se tivermos um programa de música na escola, os alunos vão obter melhores resultados. Não há garantia de que, se a escola fizer tudo o que vem no relatório, tenha resultados.

Então, porque é que a criatividade é tão importante?

O modelo educativo continua a assentar no industrial.

Como se a escola fosse uma fábrica?

Sim, e já não é assim. O futuro depende da capacidade de inovar, criar novos tipos de emprego, novas oportunidades. É o que a China, Singapura, Hong Kong estão a fazer: investir na criatividade, na inovação, nas novas ideias. A criatividade permite desenvolver a imaginação, dá poder para pensar de maneira diferente.

A criatividade pode ajudar a sair da crise económica?

Nada mais o fará!

Como?

Eu não sei como, mas sei que, por exemplo, para um país como Portugal, o futuro da economia será construído a partir do génio do povo, da sua criatividade em criar novas empresas, novos trabalhos, novas infra-estruturas. A criatividade é o coração de tudo isso, do descobrir novas oportunidades. Há ideias muito simples como o papel higiénico de cor preta [uma ideia portuguesa]. É assim que surgem novos negócios. Foi o que aconteceu com a Internet, as redes sociais. É preciso que sejam negócios sustentáveis. Todo o crescimento económico tem por base o engenho humano. Quanto mais pudermos inovar, melhor!

Não vivemos em conflito permanente? Já não podemos dizer aos nossos filhos "Estuda para teres um bom futuro", mas queremos que permaneçam na escola.

Sim. Há gente que sai da universidade para o desemprego, e quando tem trabalho, os empregadores descobrem que não tem aptidões. Mas não devemos desencorajar ou dizer que é uma perda de tempo estudar. A verdade é que já não há garantias e, por isso, nem todos precisam de ir para a universidade. Há miúdos que foram obrigados pelos pais a ir e agora não sabem o que fazer, mas há outros para quem o sistema educativo funciona na perfeição.

O Elemento fala de várias personalidades que não fizeram o caminho educativo esperado e que tiveram sucesso. Mas isso não acontece com todos, pois não?

O livro fala de como os talentos humanos são muitos e diversos e de como podemos criar as nossas próprias oportunidades. Frequentemente, os pais empurram os filhos numa direcção, com a melhor das intenções, e eles nem sempre beneficiam com isso.

O sistema educativo precisa de mudar?

Estará a mudar? Nos EUA há mais testes, mais avaliação dos professores, as escolas são penalizadas se não conseguirem os resultados esperados, há rankings que desmoralizam os professores e os directores. O que é que se ganha com isso? Fala-se de eficiência para a educação como para a indústria automóvel e não se pode aplicar esse conceito nas escolas. Tem sido um desastre e em Portugal provavelmente também.

Qual é o segredo das boas escolas?

Ter bons directores, bons professores, uma boa relação com a comunidade. Os professores é que são o sistema educativo e não o Ministério da Educação. É senso comum. Aceitamos a diversidade nos restaurantes, na arquitectura, na música. Em todo o lado procuramos a diversidade, por que não na escola? Queremos que estas sejam todas iguais, mas não são máquinas, são organismos vivos.

Se tratamos os alunos como se não fossem indivíduos, com talentos reconhecidos, eles não podem interessar-se pela escola. O sistema educativo mata a criatividade das crianças. Os políticos não compreendem e acham que a solução está em normalizar tudo.

Não sabem que não resulta?

Não está a resultar, os alunos continuam a abandonar a escola. É preciso regressar às origens, a uma educação mais pessoal, mais comprometida, onde se criam oportunidades para as pessoas desenvolverem os seus talentos, seja na matemática ou a tocar violoncelo. A experiência diz-me que se descobrirmos uma coisa em que somos bons, conseguimos ser melhor em todas as outras em que somos menos bons.

Pode descobrir-se "o elemento" em qualquer idade?

Muitos não encontraram os seus talentos, muitos nem sabem que os têm e passam pela vida sem grande prazer naquilo que fazem. Mas há outros que acordam de manhã e adoram o que fazem. Que estão no seu elemento. É preciso amar o que se faz para se estar no seu elemento. Parte da razão por que as pessoas não descobriram os seus talentos é porque não tiveram essa oportunidade. É preciso procurar. As escolas não ajudam, mas também pode haver dificuldade da nossa parte.

É possível descobrir o elemento e querer abandonar tudo para o concretizar? E como lidar com a frustração quando as coisas não correm tão bem como aos famosos?

Eu vejo a frustração daqueles que não gostam do que fazem e pergunto-lhes: "Qual é o preço que está disposto a pagar?" Mas uma pessoa só deve arriscar se não se sentir feliz com a vida que tem. Há muitas pessoas que, além daquilo que fazem no dia-a-dia [em termos profissionais], concretizam os seus sonhos de outra forma, são os "amadores". Não é preciso viver daquilo que se gosta de fazer. Não digo que todos devam sustentar-se do seu sonho. Mas as pessoas têm que ter a certeza de que têm direito a concretizar os seus sonhos. A atitude é muito importante, bem como a oportunidade

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Ainda nos irão esconjurar!

O ano passado, tivemos várias eleições.

Eleições para todos os gostos: europeias, nacionais e locais.

Um pouco por toda a parte, repetiram-se as promessas, venderam-se ilusões por realidades.

De norte a sul, mediatizaram-se as obras feitas para convencer os eleitores.

Se estivéssemos na Somália ou noutro qualquer país do terceiro mundo não admiraria ver louvado o régulo que desse dois grãos de arroz a uma multidão a morrer à míngua de comida, de água, de cuidados de saúde.

Como pretensamente estamos num país europeu e desenvolvido, embarcámos no idealismo das inaugurações de obras que, por mais importantes que sejam, não resolvem os problemas das nossas gentes.

Não são essas obras que têm resolvido o problema do desemprego.

Não têm resolvido a melhoria dos cuidados de saúde.

Não têm contribuído para o desenvolvimento local e nacional.

Não têm contribuído para uma melhor educação e qualificação dos nossos jovens e dos nossos desempregados.

Todos nós aplaudimos as novas obras, mas aquilo que todos nós queremos mesmo é a segurança de um futuro melhor.

E os últimos dias demonstraram que é exactamente isso que está em grave perigo.

O total descontrolo das contas públicas, e até privadas, põem em risco o emprego, os salários, os apoios sociais (abonos de família, subsídios de desemprego, verbas para as IPSS, …), o dinamismo da economia.

Risco que se reflecte de imediato e que se prevê manter para o futuro.

Estudos diversos, apontam já para a falta de sustentabilidade das reformas dentro de poucas dezenas de anos.

É este o futuro que legaremos aos nossos filhos e netos.

Ainda nos irão esconjurar!

Publicado na edição online de "O Basto" - Novembro

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Uma lição de Democracia e de Educação Cívica!!!

Uma entrevista a merecer ser vista.

Algumas ideias que retirei e que vêm a propósito da nossa situação de crise actual:

"A escolha depende da liberdade de escolher."

"Se estiverem coberto de dívidas, não tem liberdade de escolha."

"Pessoas sem esperança não votam."

À vossa consideração.

domingo, 7 de novembro de 2010

Uma voz maravilhosa

Mais uma voz maravilhosa de uma jovem.
Apreciem, clicando aqui.

Portagens

Hoje fui pagar, pela primeira vez, as novas portagens das ditas SCTUS.
Qual não foi o meu espanto (se ainda há lugar para espanto!) quando me informam previamente que o prazo de cinco dias dado para pagamento não se contabiliza normalmente. O primeiro dia não conta, tal como o último, pelo que facilmente se pode incorrer em atraso.
Depois, para além do valor a pagar, tem de se desembolsar mais uma taxa administrativa.
Por fim, paguei.
Ao consultar a factura, esta não especifica discriminadamente os movimentos, pelo que ficamos sem qualquer prova do que estamos a pagar.
Enfim, um verdadeiro caça euros, sem qualquer meio de protecção dos utentes.
É que a espera da notificação por escrito custa a módica quantia de onze euros.
Lá na tumba, por onde for, o "Zé do Telhado" deve dar muitas voltas.
Deveria até ser canonizado...

sábado, 6 de novembro de 2010

Continua a fartazana...

Há muito que se critica o facto das autarquias gastaram à fartazana os orçamentos municipais com um conjunto de iniciativas que podemos considerar apenas de populistas e eleitoralistas.
Vivemos, como agora é por demais evidente, uma época de grande aperto financeiro.
Ocasião, até, em que o Governo socialista teve de cortar nos salários dos funcionários públicos.
Como se entende que se continue a gastar assim o erário público?
Será que o Ministro das Finanças não tem conhecimento como se gasta o dinheiro (que falta) de todos nós?
Se tem, por que é que não actua?
Se não tem, afinal para que servem os seus múltiplos assessores, consultores e demais staff que custa os olhos da cara aos portugueses?
Nós os contribuintes estamos fartos de só termos o dever de descontar e pagar cada vez mais impostos, taxas, portagens, serviços, emolumentos, multas, coimas, ...
É tempo de acabar com os abusos e gastar com rigor os orçamentos públicos.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

«Sócrates fala mentira» e usa «técnicas da maçonaria»

«Sempre achei que o PS entregue a um tipo como Sócrates só podia dar asneira», diz histórico socialista

Henrique Neto, histórico do PS, diz que Sócrates «é um vendedor de automóveis» que «está no topo da pirâmide dos que dão cabo disto». E entrevista ao «Jornal de Negócios», Henrique Neto recorda que da primeira vez que viu Sócrates discursar pensou: «Este gajo não percebe nada disto». «Mas ele falava com aquela propriedade com que ainda hoje fala sobre aquilo que não sabe», adianta e recorda-se de pensar a seguir: «Este gajo é um aldrabão. É um vendedor de automóveis».

«Sempre achei que o PS entregue a um tipo como Sócrates só podia dar asneira», adiantou. O histórico socialista diz que o primeiro-ministro «tem três qualidades, ou defeitos: autoridade, poder, ignorância. E fala mentira».

Henrique Neto descreve a forma como decorreu a última comissão política do PS, no dia em Sócrates apresentou as medidas de austeridade. Conta que o secretário-geral do PS convocou a reunião de última hora, «para ninguém ir preparado», e organizou os trabalhos para que «o grupo dos seus fiéis fizesse intervenções umas a seguir às outras». «A ideia dele era que o partido apoiasse as medidas», afirma. «Aquilo é uma máfia que ganhou experiência na maçonaria», acusa. «Sócrates entrou por essa via, e os outros todos. Até o Procurador-geral da República», garante. «Usa técnicas de maçonaria para controlar a verdade».

«Não tenho nada contra José Sócrates. Se ele se limitasse a ser um vendedor de automóveis. Mas ele é primeiro-ministro e está a dar cabo do meu país. Não é o único, mas é o mais importante de todos», considera Henrique Neto.

Redacção IOL Diário

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Ninguém confia em Sócrates

A principal causa para a subida dos juros da nossa dívida não é a agitação PS/PSD. A causa principal é uma coisa mais evidente: os credores não acreditam neste governo. Olhemos para os factos que comprovam a incompetência de Sócrates.

I. Nos últimos dias, uma coisa passou a ser a verdade suprema do pós-abstenção do PSD: a agitação PSD/PS é a única causa da subida dos juros da nossa dívida. Ora, esta agitação e a demora na obtenção de um acordo foram, com certeza, factores que provocaram desconfiança nos credores. Claro. Mas, atenção, este é um factor conjuntural e superficial. O problema de fundo, a questão estrutural é outra, a saber: a falta de credibilidade deste governo . Os credores não ligam muito à troca de palavras entre um deputado do PSD e o primeiro-ministro, mas ligam muito aos números. E os números, meus amigos, mostram uma gigantesca incompetência de Sócrates e Teixeira dos Santos:

- O OE2010 tem uma derrapagem de 1.8 mil milhões de euros. Teixeira dos Santos admitiu isto na semana passada. Por que razão os media portugueses não falam disto? Uma coisa é certa: durante os chá das cinco, os nossos credores falam muito sobre este assunto.

- A maquilhagem dos 2 mil milhões do fundo de pensões da PT. Isto pode servir para enganar Bruxelas, mas não serve para enganar os credores.

- O "lapso" dos 570 milhões e a errata dos 800 milhõe s. Estes dois episódios colocam tudo isto no campo do humor involuntário. E, piadas à parte, os credores começam a perceber uma coisa: os portugueses ainda não são gregos, mas têm contas públicas muito pouco transparentes.

- A relutância do governo em largar os TGVs, e um modelo económico caduco.

- A ausência de medidas para renovar nossa economia (exs.: flexibilizar a lei laboral, tal como fez a Espanha e tal como pediu o "euro grupo"; descida da taxa social única).

II. Ora, tendo em conta tudo isto, os nossos credores não acreditam neste governo, não acreditam que Teixeira dos Santos consiga cortar 5% no défice em apenas um ano. E têm razões de sobra para manter essa desconfiança. Os juros não descem por acção dos nossos desejos. Descem por acção dos nossos actos.

Henrique Raposo (www.expresso.pt)
9:17 Quinta feira, 4 de Novembro de 2010

terça-feira, 2 de novembro de 2010

TEMPO DE LUTO

O meu País caiu na desventura

De acreditar num tipo mentiroso,

Um gajo sem moral, indecoroso,

Talhado de disfarce e de impostura,

Que, recorrendo a torpes artifícios,

De forma pouco clara se amanhou

E o Povo mais humilde maltratou,

Impondo-lhe severos sacrifícios.

É tempo, Portugal, de reagir

Ao infortúnio e, de olhos no futuro,

Cumprir o teu dever e, porte duro,

Os vendilhões da Pátria sacudir.

O País, certamente adormeceu…

Acorda, Portugal! Vamos, desperta!

Assume teu perfil e põe-te alerta…

Portugal não reage… Já morreu.

Da autoria do amigo Dr. Pinho Neno

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A feudalização da sociedade

Estava eu a estudar os privilégios da nobreza e dei logo comigo a pensar que em Portugal, ainda não saímos bem da Idade Média. Na Idade Média, a mobilidade social era praticamente nula. A nobreza vivia fechada sobre si própria usufruindo dos seus próprios privilégios. Relacionavam-se entre si, casavam-se entre si, frequentavam os mesmos castelos, participavam nas mesmas festas e banquetes, olhando para o povo do alto dos seus privilégios sociais e económicos.Ora, se virmos o que se passa em Portugal, temos de chegar à conclusão que no Estado há décadas dominado pelo PS e pelo PSD, existe cada vez mais uma feudalização da sociedade assim como uma organização social cada vez mais endogâmica.

Um bom símbolo da nossa miséria é o casamento entre a filha de Dias Loureiro, amigo íntimo de Jorge Coelho, e o filho de Ferro Rodrigues, amigo íntimo de Paulo Pedroso, irmão do advogado que realizou a estúpida e milionária investigação para o Ministério de Educação e amigo de Edite Estrela que é prima direita de António José Morais, o professor de José Sócrates na Independente, cuja biografia foi apresentada por Dias Loureiro, e que foi assessor de Armando Vara, licenciado pela Independente, administrador da Caixa Geral de Depósitos e do BCP, que é amigo íntimo de José Sócrates, líder do partido ao qual está ligada a magistrada Cândida Almeida, directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal, que está a investigar o caso Freeport.

Ricardo Costa