sexta-feira, 30 de abril de 2010

Uma no cravo...


Costuma-se dizer "uma no cravo, outra na ferradura".
É assim com o governo de José Sócrates.
Ontem, prometia tudo fazer para reduzir os gastos e equilibrar as contas públicas.
Atingir o objectivo de conter o endividamento externo.
Agora, um seu ministro vem reafirmar que as famigeradas obras públicas são para manter, depois de o ministro das finanças ter sugerido a necessidade de contenção.
Afinal em que é que ficamos?
Vamos continuar a gastar o que não temos?
Vamos continuar a endividarmo-nos?
Que sinais são passados para os portugueses e fundamentalmente para a comunidade internacional?
Como poderemos aceitar fazer sacrifícios pessoais e profissionais, enquanto o Estado mantém e até agrava os gastos públicos?
Por este caminho, nem o apoio de Passos Coelho salvará este governo da derrocada.
Talvez seja esse mesmo o objectivo. Sócrates não quer governar mais. Não quer assumir as medidas impopulares que terão de ser adoptadas, depois da desgorvenação socialista.
Passos Coelho terá de ter cautela. Ainda é cedo para assumir o poder.
Mais, deverá ser o PS e o seu líder a sofrer os efeitos do seu próprio veneno.
Como diz outro ditado, "quem comeu a carne, que carregue agora os ossos".
No meio de tudo isto, quem sofre são os portugueses e Portugal.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Boas notícias


Realizou-se hoje a Assembleia Geral ordinária da Santa Casa da Misericórdia de S. Miguel de Refojos.
Duas boas notícias foram dadas aos irmãos presentes.
A Mesa da Misericórdia assume Junho como data para início das obras no antigo hospital.
Finalmente, aquele espaço vai ser remodelado, dando lugar à Unidade de Cuidados Continuados e aos serviços de clínica médica.
Muitos cabeceirenses já foram vítimas do atraso provocado por uma decisão política sem sentido.
A segunda notícia, a apresentação de um novo projecto: a Residencial Sénior, a construir junto do antigo hospital, com 14 apartamentos, podendo albergar até 28 pessoas.
O edifício tem também espaços para acolher a sede administrativa da Misericórdia e a Academia Cultural.
Os próximos anos vão ser de grandes obras, de avultados investimentos em prol do concelho e dos cabeceirenses.
Uma contribuição importante de uma das mais antigas instituições do concelho.
Como é pena ter-se perdido tanto tempo!

Espectacular!!!


Espectacular!!!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Cair das nuvens...

A notícia ontem conhecida do agravamento do risco da dívida pública portuguesa causou um turbilhão político.
Hoje, reuniram de emergência o Primeiro-Ministro e o Ministro das Finanças, antes de o líder da oposição, o Presidente do PSD, ser recebido pelo chefe do executivo.
Urgia uma demonstração inequívoca do compromisso nacional em satisfazer junto da comunidade internacional os objetivos do PEC.
Finalmente (?!!!), o Governo e José Sócrates caíram das nuvens.
Afinal, Portugal está numa situação deveras complicada.
Como dizia Belmiro de Azevedo, "quem gasta mais do que o que tem, arranja problemas".
Ora, há muito que se vinha a conhecer este trágico cenário.
A ex-líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, passou dois anos a denunciar este drama. De pouco lhe valeu e muito menos a nós contribuintes.
Apertámos o cinto durante a legislatura anterior, para que esta terminasse em descalabro, só e apenas para que o PS e Sócrates ganhassem as eleições.
Volvidas que estas foram, novas e mais duras medidas terão de ser tomadas para reequilibrar as contas públicas.
Mais uma vez, os mesmos de sempre, são chamados a pagar aquilo que outros gastaram e tinham como objectivo gastar.
É tempo de dizer basta.
É tempo de pousar os pés na terra e parar com as megalomanias das grandes obras, dos projectos faraónicos, só possíveis no sonho dos loucos.
Portugal está a caminho da bancarrota e é necessário a concertação de todos para a evitar.
Mas com isso não se pode iludir as responsabilidades das políticas seguidas pelos governos socialistas de Guterres e de Sócrates.
Políticas idênticas à do governo socilalista espanhol, que curiosamente hoje mesmo foi vítima de igual recomendação negativa da agência de rating.
É preciso outro caminho.
Ter uma política social é criar as condições para criar riqueza, desenvolver o mercado de trabalho, captar recursos humanos e financeiros, ser criativo, apostar na modernização e na internacionalização.
Ter uma política social não é distribuir dinheiro e benesses, aos mais pobres ou aos mais ricos, muito menos quando ele não abunda.
Tantas vezes aqui referi este cenário. Eu que nem sou economista..., mas pelos vistos, infelizmente, estava certo, ao contrário das doutas opiniões de quem nos governa.

terça-feira, 27 de abril de 2010

MEMÓRIAS DO PORTUGAL RESPEITADO

Corria o ano da graça de 1962. A Embaixada de Portugal em Washington recebe pela mala diplomática um cheque de 3 milhões de dólares (em termos actuais algo parecido com € 50 milhões) com instruções para o encaminhar ao State Department para pagamento da primeira tranche do empréstimo feito pelos EUA a Portugal, ao abrigo do Plano Marshall.

O embaixador incumbiu-me - ao tempo era eu primeiro secretário da Embaixada - dessa missão.

Aberto o expediente, estabeleci contacto telefónico com a desk portuguesa, pedi para ser recebido e, solicitado, disse ao que ia. O colega americano ficou algo perturbado e, contra o costume, pediu tempo para responder. Recebeu-me nessa tarde, no final do expediente. Disse-me que certamente havia um mal entendido da parte do governo português. Nada havia ficado estabelecido quanto ao pagamento do empréstimo e não seria aquele o momento adequado para criar precedentes ou estabelecer doutrina na matéria. Aconselhou a devolver o cheque a Lisboa, sugerindo que o mesmo fosse depositado numa conta a abrir para o efeito num Banco português, até que algo fosse decidido sobre o destino a dar a tal dinheiro. De qualquer maneira, o dinheiro ficaria em Portugal. Não estava previsto o seu regresso aos EUA.

Transmiti imediatamente esta posição a Lisboa, pensando que a notícia seria bem recebida, sobretudo num altura em que o Tesouro Português estava a braços com os custos da guerra em África. Pensei mal. A resposta veio imediata e chispava lume. Não posso garantir a esta distância a exactidão dos termos mas era algo do tipo: "Pague já e exija recibo". Voltei à desk e comuniquei a posição de Lisboa.

Lançada estava a confusão no Foggy Bottom: - não havia precedentes, nunca ninguém tinha pago empréstimos do Plano Marshall; muitos consideravam que empréstimo, no caso, era mera descrição; nem o State Department, nem qualquer outro órgão federal, estava autorizado a receber verbas provenientes de amortizações deste tipo. O colega americano ainda balbuciou uma sugestão de alteração da posição de Lisboa mas fiz-lhe ver que não era alternativa a considerar. A decisão do governo português era irrevogável.

Reuniram-se então os cérebros da task force que estabelecia as práticas a seguir em casos sem precedentes e concluíram que o Secretário de Estado - ao tempo Dean Rusk - teria que pedir autorização ao Congresso para receber o pagamento português. E assim foi feito. Quando o pedido chegou ao Congresso atingiu implicitamente as mesas dos correspondentes dos meios de comunicação e fez manchete nos principais jornais. "Portugal, o país mais pequeno da Europa, faz questão de pagar o empréstimo do Plano Marshall"; "Salazar não quer ficar a dever ao tio Sam" e outros títulos do mesmo teor anunciavam aos leitores americanos que na Europa havia um país - Portugal - que respeitava os seus compromissos.

Anos mais tarde conheci o Dr. Aureliano Felismino, Director-Geral perpétuo da Contabilidade Pública durante o salazarismo (e autor de umas famosas circulares conhecidas ao tempo por "Ordenações Felismínicas" as quais produziam mais efeito do que os decretos do governo). Aproveitei para lhe perguntar por que razão fizemos tanta questão de pagar o empréstimo que mais ninguém pagou. Respondeu-me empertigado: - "Um país pequeno só tem uma maneira de se fazer respeitar - é nada dever a quem quer que seja".

Lembrei-me desta gente e destas máximas quando há dias vi na televisão o nosso Presidente da República a ser enxovalhado pública e grosseiramente pelo seu congénere checo a propósito de dívidas acumuladas.

Eu ainda me lembro de tais coisas, mas a grande maioria dos Portugueses de hoje nem esse consolo tem.

Estoril, 18 de Abril de 2010

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Luís Soares de Oliveira


LIÇÃO DO RATINHO.


Esta fábula é fantástica! Serve para aqueles que se sentem seguros na actual crise mundial.

O que é ruim para alguém é ruim para todos...

Um rato, olhando pelo buraco na parede, vê o fazendeiro e sua esposa abrindo um pacote.
Pensou logo no tipo de comida que haveria ali.

Ao descobrir que era uma ratoeira ficou aterrorizado. Correu ao pátio da fazenda advertindo a todos:

- Há uma ratoeira na casa, uma ratoeira na casa!!
A galinha disse:

- Desculpe-me Sr. Rato, eu entendo que isso seja um grande problema para o senhor, mas não me
prejudica em nada, não me incomoda.

O rato foi até ao porco e disse:

- Há uma ratoeira na casa, uma ratoeira!

- Desculpe-me Sr. Rato, disse o porco, mas não há nada que eu possa fazer, a não ser orar.

Fique tranquilo que o Sr. Será lembrado nas minhas orações...

O rato dirigiu-se à vaca. E ela lhe disse:

- O que? Uma ratoeira? Por acaso estou em perigo? Acho que não!

Então o rato voltou para casa abatido, para encarar a ratoeira...

Naquela noite ouviu-se um barulho, como o da ratoeira pegando sua vítima.

A mulher do fazendeiro correu para ver o que havia pego. No escuro, ela não viu que a ratoeira havia pego a cauda de uma cobra venenosa. E a cobra picou a mulher...


O fazendeiro levou a esposa imediatamente ao hospital. Ela voltou com febre. Todo mundo sabe que para alimentar alguém com febre, nada melhor que uma canja de galinha. O fazendeiro pegou seu cutelo e foi providenciar o ingrediente principal, (matou a galinha).

Como a doença da mulher continuava, os amigos e vizinhos vieram visitá-la...

Para alimentá-los, o fazendeiro matou o porco.

A mulher não melhorou e acabou morrendo.

Muita gente veio para o funeral. O fazendeiro então sacrificou a vaca, para alimentar todo aquele povo.

Moral da História:

Na próxima vez que você ouvir dizer que alguém está diante de um problema e acreditar que o problema não lhe diz respeito, lembre-se que quando há uma ratoeira na casa, toda fazenda corre o risco. O problema de um, é problema de todos!

PS.: Excelente fábula para ser divulgada principalmente em grupos de trabalho!

Nós aprendemos a voar como os pássaros, a nadar como os peixes, mas ainda não aprendemos a conviver como irmãos.

Lembrem-se desta "estória" caros colegas professores!....

segunda-feira, 26 de abril de 2010

domingo, 25 de abril de 2010

36 anos depois


Faz hoje trinta e seis anos que uma revolta militar se transformou numa revolução pacífica.
Revolução que alegrou um povo carente de paz, de progresso e sobretudo de liberdade.
O Movimento das Forças Armadas prometeu descolonizar, democratizar e desenvolver, o que foi conhecido pelos três D's.
Estão volvidos trinta e seis anos.
Muita coisa mudou. Muita evolução se reconhece em muitos domínios.
Fez-se um percurso positivo em muitas áreas.
Contudo, no essencial, qual o balanço que se pode fazer?
Descolonizar - um processo dramático para milhões de portugueses espalhados pelos territórios das nossas ex-colónias, principalmente nas de Angola e Moçambique. A troco de umas negociatas nunca devidamente esclarecidas, Portugal deixou aqueles territórios e os nossos compatriotas tiveram de abandonar as suas casas, os seus bens, os seus trabalhos, enfim as suas vidas, já que ficaram entregues a si próprios, num clima de guerra civil, que se seguiu à descolonização. Enfim, este processo foi mau para os portugueses que aí viviam, como igualmente foi horrendo para os próprios naturais daqueles novos países.
Democratizar - após o "25 de Abril", seguiu-se um processo de democratização. Criaram-se os partidos políticos, promoveram-se eleições livres, foi promulgada uma Constituição de cariz democrático, instituiu-se um poder autárquico com autonomia e legitimidade democrática. Ano após ano, legislatura após legislatura, mandato a mandato autárquico, a democracia tem vindo a esmorecer. Cada vez mais formal, cada vez mais afastada do sentir das populações, cada vez mais respeitada nos quadros regimentais, mas cada vez se consolidam poderes mais despóticos. Democracia, hoje, é apenas um atributo da Constituição que os diferentes poderes existentes (económicos, políticos, grupos de pressão, ...) exploram a seu bel-prazer. O povo, as classes economicamente mais penalizadas, da democracia só têm direito ao voto, nos candidatos que os dirigentes dos poderes lhes impingem. Daí os elevados índices de abstenção e desinteresse pela política e pela causa pública.
Desenvolvimento - a população, em Portugal continental, vivia em condições muito precárias. As condições básicas de vida (água canalizada, electricidade, vias de comunicação, saneamento, cuidados de saúde, de entre muitas outras) não estavam satisfeitas para a generalidade da população e do território. Daí que os anos, posteriores a 1974, tenham sido de explosão nas obras públicas. Daí até à invasão do cimento e do alcatrão foi um pequeno passo. Mas ao desmesurado plano de obras e de desenvolvimento local, por via das autarquias, o Estado caminhou para o endividamento descontrolado, para o défice das contas públicas, para o desemprego. Também para a corrupção, para o arbítrio.
Hoje, trinta e seis anos volvidos, nós, que rejubilámos com a "libertação", sentimos profunda decepção e vemos com preocupação o futuro.
Como já aqui referi uma vez, os nossos pais fizeram o que puderam (ou muito mais do que isso) para nos deixar um futuro melhor.
Como é lamentável que no dia de comemoração do "25 de Abril", em 2010, tenhamos as maiores dúvidas para o presente e futuro dos nossos filhos.

sábado, 24 de abril de 2010

O começo de uma nova era...


Amanhã comemora-se o Dia da Liberdade.
No PSD do distrito de Braga a liberdade pode ter chegado ontem.
Houve eleições e Virgílio Costa, enfim, foi substituído.
É um marco decisivo para o começo de uma nova era.
Espero que a nova Comissão Política Distrital assuma uma nova perspectiva e uma nova prática política que faça renascer o PSD em Braga.
Devo também saudar a eleição do Dr. José Joaquim Teixeira para aquele órgão de tamanha importância política.
Pode ser que desta vez se tenha acertado o passo.
Bom mandato para todos os eleitos.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Desemprego agrava


Com a divulgação dos dados do mês de Março, voltamos a conhecer mais um agravamento dos índices de desemprego no distrito e também em Cabeceiras de Basto.
As minhas preocupações são cada vez maiores quanto a este problema.
Podem consultar notícia do "Correio do Minho" aqui.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

INÊS DE MEDEIROS II


Excelentíssima Senhora Deputada Dona Inês de Medeiros,

Chère Madame

O IRRITADO teve, aqui há umas semanas, o topete de escrever uma carta a Vossa Excelência sobre a importante matéria das viagens semanais de Vossa Excelência, em classe executiva, a Paris, luminosa quão merecida cidade de residência de Vossa Excelência.

Permite-se agora o cullot de voltar à augusta presença de Vossa Excelência. Antes de mais, portanto (como diria o camarada Jerónimo), as mais humildes desculpas pelo atrevimento deste seu servo e amigo.



Tem o IRRITADO seguido, com a admiração e a estima que, no fundo da alma, nutre por Vossa Excelência, as vicissitudes por que tem passado a história do ingente problema que a aflige: quem paga as viagens de Vossa Excelência a Paris? Sim, Quem?

Parece que ninguém!

Anda meio mundo preocupado com o assunto, sendo o mais aflito de todos Sua Excelência o Senhor Deputado José Lelo[i], mui Ilustre Presidente do Conselho de Administração da Assembleia da República, entidade a quem, sem sombra de dúvida, caberá mandar pagar as viagens de Vossa Excelência.

Ora, como é sabido, o insigne cidadão tem várias dificuldades do tipo mental, coisa de que não terá culpa, uma vez que já nasceu assim. Daí que, por mais voltasque dê ao limitado bestunto com que foi brindado pela criação, não consegue encontrar o competente penduricalho orçamental onde caibam os 1.200 euros que custa cada viagem de Vossa Excelência.

Em que triste miserabilismo vive a Pátria do Senhor Dom João V!



Se Vossa Excelência andar por cá uns 10 meses por ano, teremos umas 45 viagens, o que, contas feitas, se cifrará nuns meros 54.000 euros, ou seja, em moeda antiga, uns míseros 10.826.028.000 réis. Em 4 anos de mandato, a coisa não passará, como é evidente, de 43.304.112.000 réis, ou, em moeda republicana, 43.304 contos mais uns pós.



Tem Vossa Excelência toda a razão quando, solene e superiormente, declara "não sei quem paga nem quanto custa". Era o que faltava, Vossa Excelência preocupar-se com problemas destes, coisa para lelos e quejandos, gente de somenos. Vossa Excelência não sabe, nem tem que saber, o valor em jogo. "Nada disso passa por mim", declarou. Mais. Vossa Excelência, como é de timbre entre os socialistas, não se preocupa com o assunto. "Escolhi uma (agência de viagens), e passei a marcar por essa: telefono e recebo os bilhetes". É assim mesmo! A altíssima dignidade de Vossa Excelência não permite, sequer, que erga o mimoso cul da poltrona para tratar de coisas menores. Como é óbvio, alguém traz o bilhete, alguém há-de pagar, Vossa Excelência não desce a problemas de lelos. Viaja, e acabou-se. Muito bem!



Teve o IRRITADO a desfaçatez, na sua anterior missiva, de suscitar a curiosidade de Vossa Excelência para o facto de haver cidadãos - ainda que, como é lógico, gente de qualidade inferior à sua - que fazem Lisboa/Paris/Lisboa por uns 150[ii] euros, no mesmo avião que Vossa Excelência utiliza, mas lá para trás, com o cul não tão à larga e sem champanhe nem refeição quente.

É certo que Vossa Excelência não tem que descer ao ponto de aceitar sugestões do IRRITADO. Não pode este, porém, deixar de, com todo o respeito, dizer que, se Vossa Excelência o fizesse, o Lelo gastaria 14,5 vezes menos do que vai acabar por gastar com as viagens de Vossa Excelência.



Tudo isto não passa, como é evidente, de fruto da mentalidade capitalista do IRRITADO, coisa incompatível com a majestática dignidade socialista de Vossa Excelência.

António Borges de Carvalho
SÁBADO, 20 DE MARÇO DE 2010

[i] Lelo - doido, vaidoso (Dicionário Universal da Língua Portuguesa, Texto Editora).

[ii] Algo me diz que Vossa Excelência, antes de subir ao altar doirado em que se encontra, viajava por 150 euros, como a plebe. Agora, já nem quer saber quanto custa, ou custava, a sandocha e o assento apertadinho. Pois faz Vossa Excelência muito bem! Socialisme oblige.


quarta-feira, 21 de abril de 2010

As voltas que o mundo dá...

Eis aqui a reprodução do debate entre José Sócrates e Francisco Louçã, aquando da última campanha eleitoral.
Declarações de José Sócrates sobre as deduções fiscais, antes das eleições e, agora, na apresentação do PEC.
Paulo Portas resolveu lembrá-lo, colocando-o no facebook. Aquelas declarações foram citadas por Paulo Portas, durante o debate, no Parlamento, sobre o PEC.

terça-feira, 20 de abril de 2010

O drama do desemprego


Mês após mês, os indicadores do desemprego vão aumentando.

O nosso desenvolvimento mede-se, sobretudo, pela capacidade de gerar riqueza, pela satisfação das necessidades básicas.

E o emprego é, sem dúvida, uma das mais prementes condições para que se crie riqueza e se satisfaçam as necessidades básicas de cada um de nós.

O concelho de Cabeceiras de Basto, não obstante o propalar de grande desenvolvimento, tem vindo a acumular sucessivo agravamento do desemprego.

Fonte: Dados do IEFP

Compulsados os dados divulgados pelo IEFP – Instituto do Emprego e Formação Profissional, reconhece-se que, desde Janeiro de 2008, o desemprego tem vindo a ser cada vez mais um problema a que urge pôr cobro.

A estes números, já de si escandalosos, teremos ainda de acrescentar um valor quase idêntico que corresponde aos desempregados que fogem a esta estatística, porque se encontram em formação ou perderam a qualidade de desempregado por qualquer questão administrativa.

Não é por termos um Centro de Emprego que resolvemos este problema.

Não por culpa dos seus dirigentes ou técnicos, bem pelo contrário, profissionais competentes e dedicados.

Para haver emprego é necessário haver empresas saudáveis, empresas em expansão.

E para isso são necessárias políticas de incentivo, políticas que privilegiem a iniciativa privada.

Só que no nosso concelho, de há muitos anos a esta parte, o desenvolvimento passa fundamentalmente pelos poderes públicos municipais.

Dá para assegurar um maior controlo do mercado de trabalho, mas não dá para resolver a questão principal: o escandaloso nível de desemprego no concelho.

Não é este o desenvolvimento que eu desejo para o meu concelho, nem para os meus conterrâneos.

Este é um drama a que urge pôr termo com urgência, sob pena de se comprometer o presente e hipotecar o desenvolvimento para o futuro.

Paz à sua Alma

Fui surpreendido pela informação de que o Sr. Joaquim Teixeira tinha falecido, até porque desconhecia a situação de doença grave, com que viveu os últimos tempos.

O Sr. Teixeira foi um bom amigo, um companheiro fiel, um militante social-democrata empenhado. Durante vários anos foi Presidente da Junta de Alvite, onde deixou a sua marca pessoal.

Por tudo isto e muito mais, devemos-lhe a maior consideração e estima.

Paz à sua Alma!

À Família expresso as mais sentidas condolências.

Publicado na edição de Abril, de "O Basto"


segunda-feira, 19 de abril de 2010

ARCA


Li hoje, num café do Arco, o comunicado da Direcção da ARCA, que reproduzo, sobre a não realização da Assembleia Geral, com o objectivo de eleger os novos órgãos sociais.
Há meses que se conhecem os problemas com que se debatem internamente, fruto da perda do apoio do poder político local.
Não conheço as condições em que ocorreram os factos invocados pela Direcção da associação, mas sinceramente já vi "este filme" em algum lado.
Penso que parte dos protagonistas são exactamente os mesmos...
Lamentável que o associativismo do concelho esteja sujeito a estes procedimentos.

Equipamento urbano e destruição


É lamentável a situação em que se encontra muito do equipamento público urbano espalhado pelo nosso concelho.
Cestos dos lixos tombados e estragados, papeleiras destruídas, sinalização danificada, paragens de autocarros vandalizadas.
Agora, numa louvável iniciativa, estão a ser colocados, junto das paragens dos autocarros, suportes informativos dos horários e carreiras, muito úteis a quem recorre a esses meios de transporte.
Esperamos que não venham a sofrer dos mesmos males.
Males que, na maior parte das vezes, são provocados por jovens, muitos deles ditos estudantes, que se entretêm a estragar o que é de todos e o que faz falta.
Isto não passa do reflexo da falta de educação que têm.
Ainda um destes dias pude apreciar a atitude de um jovem, já crescidinho por sinal, que num autocarro seguia com os pés em cima do banco da frente, numa atitude verdadeiramente reprovável.
Será esta a educação que lhes é dada em casa e na escola?
Seguramente, na escola não é!

domingo, 18 de abril de 2010

O faroeste


Viva o faroeste! Para quê perder tempo e dinheiro com julgamentos, condenações e lamentáveis masmorras? Uma sociedade de adultos é uma sociedade capaz de puxar o gatilho sem a intromissão do Estado. E o novo Código de Execução de Penas, aprovado pelo PS, é um incentivo ao tiroteio que faria as delícias de John Wayne.

A partir de amanhã, qualquer criminoso, independentemente da natureza do crime, poderá sair da cadeia com um quarto da pena cumprida. ‘Pena’, aqui, é eufemismo: se o criminoso violou ou matou, por exemplo, terá cinco anos para descansar da excitação antes do regresso triunfal às pradarias lusitanas. Momento em que as vítimas, ou os familiares das vítimas, estarão à espera dele, prontas para ajustar contas e desfrutar de igual período de férias.

O novo código é um convite ao crime pela tolerância do crime. E não se entende por que motivo o PS não vai mais longe, abolindo de uma vez por todas o sistema judicial e promovendo a construção de saloons (com portas bang-bang) e, pormenor fundamental, bebedouros para as montadas. A seu tempo.

João Pereira Coutinho, Colunista

[C.M., 11.04.2010]

sexta-feira, 16 de abril de 2010

A nona bem-aventurança


U
m dos fenómenos mais espantosos da história da humanidade é o ataque à Igreja. Esse processo, tão aceso estes dias, é sempre muito curioso.

Primeiro pela duração e persistência. Há 2000 anos que os discípulos de Cristo são perseguidos, como o próprio Jesus profetizou. E cada ataque, uma vez começado, permanece. A Igreja é a única instituição a que se assacam responsabilidades pelo acontecido há 100, 500 ou 1500 anos. Os cristãos actuais são criticados pela Inquisição do século XVII, missionação ultramarina desde o século XV, cruzadas dos séculos XI-XIII, até pela política do século V (no recente filme Ágora, de Alejandro Amenábar, 2009).

Depois, como notou G. K. Chesterton em 1908, o cristianismo foi atacado "por todos os lados e com todos os argumentos , por mais que esses argumentos se opusessem entre si" (Orthodoxy, c. VI). Vemos criticar a Igreja por ser tímida e sanguinária, pessimista e ingénua, laxista e fanática, ascética e luxuosa, contra o sexo e a favor da procriação, etc. Mas o mais espantoso é que os ataques conseguem convencer-nos daquilo que é o oposto da evidência mais esmagadora.

Os iluministas provaram-nos que a religião cristã é a principal inimiga da ciência; supersticiosa, obscurantista, persecutória do estudo e investigação rigorosos. A evidência histórica mostra o inverso. A dívida intelectual da humanidade à Igreja é enorme. Devemos a multidões de monges copistas a preservação da sabedoria clássica. Quase tudo o que sabemos da Antiguidade pagã veio dos mosteiros. Foi a Igreja que criou as primeiras universidades e o debate académico
moderno. Eram cristãos devotos os grandes pioneiros da ciência, como Kepler, Pascal, Newton, Leibniz, Bayes, Euler, Cauchy, Mendel, Pasteur, etc. Até o caso de Galileu, sempre citado e distorcido, mostra o oposto do que dizem.

Depois, os jacobinos asseguraram-nos que a Igreja é culpada de terríveis perseguições religiosas, étnicas e sociais, destruição cultural de múltiplos povos, amiga de fogueiras e câmaras de tortura,
chacinas, saques e genocídios. No entanto, a evidência de 2000 anos de história real de cristãos concretos é de caridade, mediação, pacifismo. Tudo o que o nosso tempo sabe de direitos humanos, diplomacia, cooperação e tolerância foi bebê-lo a autores cristãos.

A seguir, os marxistas vieram atacar a Igreja por ser contra os proletários e a favor dos ricos. Quando é evidente o cuidado permanente, multissecular e pluricultural dos cristãos pelos pobres e infelizes, e as maravilhas sociais da solidariedade católica no apoio aos desfavorecidos.

Vivemos hoje talvez o caso mais aberrante: a Igreja é condenada por... pedofilia. A queixa é de desregramento sexual, deboche, perversão. Mas a evidência histórica mostra que nenhuma outra entidade fez mais pelo equilíbrio da sexualidade e a moralização da vida pessoal da
humanidade. Mais uma vez, o ataque nasce do oposto da verdade.

Serão as acusações contra a Igreja falsas? Elas partem sempre de um núcleo verdadeiro. Houve cristãos obscurantistas, persecutórios, cruéis, injustos, luxuosos, como hoje há padres pedófilos. Aliás, em 2000 anos de história, e agora com mais de mil milhões de fiéis, tem de haver de tudo. A distorção está na generalização ao todo de casos particulares aberrantes. Não sendo tão má quanto o mito, a Inquisição foi péssima. Mas a Inquisição não representa a Igreja e a própria
Igreja da época a condenou. Os críticos nunca combatem os erros, sempre a instituição. Hoje não se ataca a pedofilia na Igreja, mas a Igreja pedófila.

A razão do paradoxo é clara. Cada época projecta na Igreja os seus próprios fantasmas. Ninguém atropelou mais o rigor científico que os iluministas. Ninguém foi mais sangrento que os jacobinos. Ninguém gerou maior pobreza que os marxistas. Ninguém tem mais desregramento sexual que o nosso tempo.

O ataque à Igreja é uma constante histórica. A História muda. A Igreja permanece. Porque ela é Cristo. Dela é a nona bem-aventurança: "Bem-aventurados sereis quando vos insultarem e perseguirem" (Mt 5, 11).

JOÃO CÉSAR DAS NEVES
Diário de Notícias, 2010.04.12

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Auto-regulação proposta a organizações de docentes - Educação - PUBLICO.PT

Auto-regulação proposta a organizações de docentes - Educação - PUBLICO.PT

Auto-regulação da Profissão Docente

Ontem tive o grato prazer de acompanhar a apresentação do estudo solicitado pela Associação Nacional de Professores - ANP ao Centro de Investigação em Educação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e levado a cabo pelo Professor Doutor Agostinho Reis Monteiro.
O acto teve lugar no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, e contou com a presença da comunicação social e de professores.
Este estudo é a conclusão de um processo de sustentação teórica sobre a necessidade de um organismo de auto-regulação da Profissão Docente.
Cabe agora aos Professores assumirem o desafio de discutir e tomar nas suas próprias mãos os seus próprios destinos.
Ao longo dos anos, foi ao Estado (Ministério da Educação) que couberam todas as responsabilidades: definição da legislação e regulamentação, controlo, inspecção, acção disciplinar, gestão de pessoal, concursos, avaliação, ...
O passado mostrou que o Estado não cumpriu com satisfação as funções que lhe estavam confiadas.
Hoje, mesmo, a função docente alargou o seu âmbito, quer ao nível das áreas de actuação, quer já tem um peso significativo enquanto profissão liberal ou privada.
Há que encontrar novas formas organizacionais, novos paradigmas para a regulação da profissão.
A ANP tem vindo ao longo dos seus 25 anos a dar preciosos contributos para este desígnio.
Este foi o mais relevante.
Uma entidade externa e independente, liderada pelo principal especialista desta área a nível nacional, analisa e recomenda a criação de uma entidade de auto-regulação.
Que os Professores saibam agora assumir o seu papel e as diferentes organizações profissionais ultrapassar as suas estratégias sectoriais para consolidar um verdadeiro projecto colectivo para a Profissão Docente.
Para os interessados, consultem este tema na página da ANP, clicando aqui.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Portugal e os portugueses ficarão mais pobres

Esta semana, voltou à agenda política a questão do PEC - Programa de Estabilidade e Crescimento.
Para além das críticas feitas pelo PSD, veio agora a Comissão Europeia dizer que o programa não é suficiente para atingir os objectivos propostos.
Por outro lado, o Governo afirma que se foi capaz de reduzir o défice nos primeiros anos de governação, também será capaz de o fazer agora.
Em que ficamos?
Ficamos mais pobres!
Claro que se é necessário cobrar mais receitas, aumentam-se os impostos. E eles vão aumentar.
Só que há cada vez menos onde ir cobrar, por um lado, e falta a contrapartida exigível, a diminuição da despesa pública, por outro.
Claro que o elo mais fraco são os funcionários, aos quais se pôde congelar as progressões durante três anos e agora se preparam para congelar os salários nos anos que aí vêm.
Só que o desequilíbrio das contas públicas não passa fundamentalmente pelos encargos dos funcionários públicos.
Passa sim pelos custos incontrolados e incontroláveis de despesas com assessorias, pareceres, investimentos megalómanos, ...
Depois, o "pobre" funcionário público, os trabalhadores por conta de outrem, esses sim vão voltar a pagar o despesismo feito e em curso. Não têm por onde fugir...
Há que pedir contas ao Governo socialista pelo descontrolo das contas públicas, ocorrido em 2009, devido às medidas populistas e despesistas adoptadas para ganhar as eleições.
Atingiram esse objectivo, mas perderam o País.
O remédio (PEC) com que agora pretendem resolver o problema, levarão ao empobrecimento colectivo.
Portugal e os portugueses ficarão mais pobres.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Ópera Divina

Limpeza das valetas


Verifiquei, hoje, com agrado, o serviço que a Câmara Municipal está a fazer na estrada de acesso a Pedraça, a limpeza das valetas.
Conforme várias vezes aqui faço referências negativas, é justo também que registe o que de positivo se faz.
É bom que este exemplo prolifere por outras das estradas e caminhos municipais.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

As tréguas


Curiosamente, o PSD deu uma ajuda valente a José Sócrates.
Nas últimas semanas, mesmo nos últimos meses, só se falou do PSD.
Primeiro semanas de campanha eleitoral interna.
Depois, o Congresso de aclamação do novo líder e as suas escolhas.
Enfim, PSD sempre na crista da onda.
Paralelamente, o reeditar do caso dos submarinos.
Um caso que envolve todas as forças políticas dos diferentes Governos, mas mais conotado negativamente para o CDS e Paulo Portas, mas também para o PSD e Durão Barroso.
E com tudo isto, como tem sido a governação durante estes meses?
Melhorou alguma coisa?
Ficaram resolvidas as trapalhadas de Sócrates?
Claro que não!
Estávamos mal e pior vamos ficando, alegremente.
Já é tempo de deixarmos de "folclore", de demagogia, de populismo.
É preciso saber-se qual é o caminho, qual é o objectivo, qual é o desígnio para Portugal e para os portugueses.
Os nossos problemas são enormes.
Manuel Ferreira Leite passou dois anos a dizer quanto agora todos reconhecem.
Será preciso mais dois anos, para se tomarem as medidas que se preconizavam?
Vamos continuar embalados pelos melodiosos discursos, enquanto nos afundamos na maior crise da democracia?
As tréguas foram benéficas para o Governo.
É tempo de recomeçar a guerra...

domingo, 11 de abril de 2010

Uma nova era

Hoje começou uma nova era no PSD.
Terminou o Congresso com o mesmo espírito de unidade com que começou, mesmo descontando, o que antevi, a proliferação de listas para o Conselho Nacional e para o Conselho de Jurisdição.
É o jogo do poder, por muito pouco relevante que seja um qualquer lugar naqueles órgãos.
Passos Coelho criou as condições para que o PSD se apresente aos portugueses com um novo projecto, com uma nova equipa e em clima de estabilidade interna, para que possa ser a efectiva alternativa que se deseja.
Veremos se aos bons propósitos se aliam as boas práticas e os bons resultados eleitorais.
Está também para ver se o clima de unidade se manterá para o futuro.
A apresentação de listas, com origem em franjas de cada uma das partes, não deu um sinal positivo, mas já é recorrente.
Enfim, terminou o espectáculo do Congresso.
Ao trabalho, por Portugal, pelo PSD!

sábado, 10 de abril de 2010

Um Congresso pacífico


Depois de uma vitória clara e de anunciar a negociação para listas consensuais, Passos Coelho tem um clima de pacificação no PSD.
Daí que o Congresso do PSD deste fim-de-semana serve apenas para a tomada de posse do líder e das suas equipas.
Porém, como já anteriormente referi, tenho dúvidas que o grupo de apoiantes de Passos Coelho aceitem de bom grado as cedências feitas pelo líder.
Suponho que, não obstante uma lista de consenso para o Conselho Nacional, não venham a surgir outras listas.
E assim, de uma pequena assentada, treme o consenso e a unidade tão apregoada.
Mas continuo a pensar que nunca um líder teve um início de mandato tão pacífico e em estado de graça.
É bom que o mantenha, consolide as suas posições e consiga criar um novo clima de estabilidade e apoio ao partido.
O País está carente de uma solução alternativa ao desgoverno socialista dos últimos quinze anos.
Portugal precisa do PSD para projectar o futuro, para dar esperança aos portugueses.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

quarta-feira, 7 de abril de 2010

É arriscado escrever sobre estas coisas. Não estão na moda

Bento XVI é parte da solução, e não parte do problema, na crise que os casos de pedofilia abriram na Igreja Católica

Não sou crente. Educado na fé católica, passei pelo ateísmo militante e hoje defino-me como agnóstico. Talvez não devesse, por isso, pôr-me a discutir os chamados "escândalos de pedofilia" na Igreja Católica. Até porque não sei se, como escreveu António Marujo neste jornal - no texto mais informado publicado sobre o tema em jornais portugueses -, estamos ou não perante "A maior crise da Igreja Católica dos últimos 100 anos".

Tendo porém a concordar com um outro agnóstico, Marcello Pera, filósofo e membro do Senado italiano, que escreveu no
Corriere della Sera que se, sob o comunismo e o nazismo, "a destruição da religião comportou a destruição da razão", a guerra hoje aberta visa de novo a destruição da religião e isso "não significará o triunfo da razão laica, mas uma nova barbárie". Por isso acho importante contrariar muitas das ideias feitas que têm marcado um debate inquinado por muita informação errada ou manipulada.

Vale por isso a pena começar por tentar saber se o problema da pedofilia e dos abusos sexuais - um problema cuja gravidade ninguém contesta, ocorram num colégio católico, na Casa Pia ou na residência de um embaixador - tem uma incidência especial em instituições da Igreja Católica. Os dados disponíveis não indicam que tenha: de acordo com os dados recolhidos por Thomas Plante, professor nas universidades de Stanford e Santa Clara, a ocorrência de relações sexuais com menores de 18 anos entre o clero do sexo masculino é, em proporção, metade da registada entre os homens adultos. É mesmo assim um crime imenso, pois não deveria existir um só caso, mas permite perceber que o problema não só não é mais frequente nas instituições católicas, como até é menos comum. Tem é muito mais visibilidade ao atingir instituições católicas.

Uma segunda questão muito discutida é a de saber se existe uma relação entre o celibato e a ocorrência de abusos sexuais. Também aqui não só a evidência é a contrária - a esmagadora maioria dos abusos é praticada por familiares próximos das vítimas - como o tema do celibato é, antes do mais, um tema da Igreja e de quem o escolhe. Não existiu sempre como norma na Igreja de Roma e hoje esta aceita excepções (no clero do Oriente e entre os anglicanos convertidos). Pode ser que a norma mude um dia, mas provavelmente ninguém melhor do que o actual Papa para avaliar se esse momento é chegado - até porque talvez ninguém, no seio da Igreja Católica, tenha dedicado tanta atenção ao tema dos abusos sexuais e feito mudar tanta coisa como Bento XVI.

Se algo choca na forma como têm vindo a ser noticiados estes "escândalos" é o modo como, incluindo no
New York Times, se tem procurado atingir o Papa. Não tenho espaço, nem é relevante para esta discussão, para explicar as múltiplas deturpações e/ou omissões que têm permitido dirigir as setas das críticas contra Bento XVI, mas não posso deixar de recordar o que ele, primeiro como cardeal Ratzinger e prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, depois como sucessor de João Paulo II, já fez neste domínio.

Até ao final do século XX o Vaticano não tinha qualquer responsabilidade no julgamento e punição dos padres acusados de abusos sexuais (e não apenas de pedofilia). A partir de 2001, por influência de Ratzinger, o Papa João Paulo II assinou um decreto -
Motu proprio Sacramentorum Sanctitatis Tutela - de acordo com o qual todos os casos detectados passaram a ter de ser comunicados à Congregação para a Doutrina da Fé. Ratzinger enfrentou então muitas oposições, pois passou a tratar de forma muito mais expedita casos que, de acordo com instruções datadas de 1962, exigiam processos muito morosos. A nova política da Congregação para a Doutrina da Fé passou a ser a de considerar que era mais importante agir rapidamente do que preservar os formalismos legais da Igreja, o que lhe permitiu encerrar administrativamente 60 por cento dos casos e adoptar uma linha de "tolerância zero".

Depois, mal foi eleito Papa, Bento XVI continuou a agir com rapidez e, entre as suas primeiras decisões, há que assinalar a tomada de medidas disciplinares contra dois altos responsáveis que, há décadas, as conseguiam iludir por terem "protectores" nas altas esferas do Vaticano. A seguir escolheu os Estados Unidos - um dos países onde os casos de abusos cometidos por padres haviam atingido maiores proporções - para uma das suas primeiras deslocações ao estrangeiro e, aí (tal como, depois, na Austrália), tornou-se no primeiro chefe da Igreja de Roma a receber pessoalmente vítimas de abusos sexuais. Nessa visita não evitou o tema e referiu-se-lhe cinco vezes nas suas diferentes orações e discursos.

Agora, na carta que escreveu aos cristãos irlandeses, não só não se limitou a pedir perdão, como definiu claramente o comportamento dos abusadores como "um crime" e não apenas como "um pecado", ao contrário do que alguns têm escrito por Portugal. Ao aceitar a resignação do máximo responsável pela Igreja da Irlanda também deu outro importante sinal: a dureza com que o antigo responsável pela Congregação para a Doutrina da Fé passou a tratar os abusadores tem agora correspondência na dureza com que o Papa trata a hierarquia que não soube tratar do problema e pôr cobro aos crimes.

De facto - e este aspecto é muito importante - a ocorrência destes casos de abusos sexuais obriga à tomada de medidas pelos diferentes episcopados. Quando isso acontece, a situação muda radicalmente. Nos Estados Unidos, país onde primeiro se conheceu a dimensão do problema, a Conferência de Dallas de 2002 adoptou uma "Carta para a Protecção de Menores de Abuso Sexual" que levaria à expulsão de 700 padres. No Reino Unido, na sequência do Relatório Nolan (2001), acabou-se de vez com a prática de tratar estes assuntos apenas no interior da Igreja, passando a ser obrigatório dar deles conta às autoridades judiciais. A partir de então, como notava esta semana, no
The Times, William Rees-Mogg, a Igreja de Inglaterra e de Gales "optou pela reforma, pela abertura e pela perseguição dos abusadores em vez de persistir no segredo, na ocultação e na transferência de paróquia dos incriminados".

Bento XVI, que não despertou para este problema nas últimas semanas, não deverá precipitar decisões por causa desta polémica. No passado domingo, durante as cerimónias do Domingo de Ramos, pediu aos crentes para não se deixarem intimidar pelos "murmúrios da opinião dominante", e é natural que o tenha feito: se a Igreja tivesse deixado que a sua vida bimilenar fosse guiada pelo sentido volátil dos ventos há muito que teria desaparecido.

Ao mesmo tempo, como assinalava John L. Allen, jornalista do
National Catholic Reporter, em coluna de opinião no New York Times, "para todos os que conhecem a experiência recente do Vaticano nesta matéria, Bento XVI não é parte do problema, antes poderá ser boa parte da solução".

Uma demonstração disso mesmo pode ser encontrada na sua primeira encíclica,
Deus Caritas Est, de 25 de Dezembro de 2005, ano em que foi eleito. Boa parte dela ocupa-se da reconciliação, digamos assim, entre as concepções de "eros", o termo grego para êxtase sexual, e de "ágape", a palavra que o cristianismo adoptou para designar o amor entre homem e mulher. Se, como referia António Marujo na sua análise, o teólogo Hans Küng considera que existe uma "relação crispada" entre catolicismo e sexualidade, essa encíclica, ao recuperar o valor do "eros", mostra que Bento XVI conhece o mundo que pisa.

Por isso eu, que nem sou crente, fui informar-me sobre os casos e sobre a doutrina e escrevi este texto que, nos dias inflamados que correm, se arrisca a atrair muita pedrada.
Ela que venha.
José Manuel Fernandes
Jornalista
Público, 2010-04-02

terça-feira, 6 de abril de 2010

Corrupção...



Isto vem do outro lado do Atlântico, mas por cá...

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Crucifica-o, crucifica-o!

Como Nero, os jornais hoje querem convencer-nos de que os padres comem criancinhas
Apedofilia é um crime horrendo. Pior se o criminoso for educador. Mais ainda se for clérigo. A prioridade em casos tão graves é prevenção, socorro às vítimas e punição exemplar. A Igreja Católica tem de ter regras muito claras para estes casos, e vigilância atenta e severa. E tem.
Então porquê o debate? Ele mistura dois crimes diferentes. As acusações de pedofilia vêm a par de outro crime, muito menos grave mas mais vasto, de difamação contra a Igreja.
Sabemos tratar-se de difamação porque os sintomas tradicionais são evidentes. Primeiro as acusações não se dirigem aos verdadeiros culpados. Quem realmente se ataca são, não pedófilos, mas o Papa, cardeais e bispos. Discute-se, não psicologia infantil, mas política eclesiástica.
Em segundo lugar utiliza-se um truque estatístico clássico. Tomam-se 50 anos, em todo o mundo e acumulam-se todos os casos encontrados. Desta forma demonstra-se o que se quiser; este é o método das provas "científicas" invocadas por horóscopos, charlatães e milagreiros. Empilham-se situações muito antigas e muito diferentes que, juntas, ninguém perde tempo a considerar com atenção. Conta só a imagem global. A imaginação faz o resto. Nunca se questiona a agregação de casos díspares ou a razão de surgirem todos de repente agora.
O terceiro sintoma é não se usarem os indicadores adequados: percentagens. Que peso dos criminosos no total dos sacerdotes? Muito mais importante, qual a percentagem destes casos no total dos abusos? Se o que nos preocupa são as crianças, este dado é decisivo. Os poucos estudos sociológicos sérios mostram que «no mesmo período em que uma centena de sacerdotes católicos eram condenados por abusos sexuais de menores, o número de professores de educação física e de treinadores de equipas desportivas (...) considerados culpados do mesmo delito nos tribunais americanos atingia os seis mil. (...) Dois terços dos abusos sexuais a menores não são feitos por estranhos (...) mas por membros da família» (www.cesnur.org/2010/mi_preti_pedofili.html). E omitem-se factos incómodos, como «80% dos pedófilos são homossexuais» (idem).
Descuidadas nos dados, as notícias fervilham de comentários e interpretações. Muitas antecedidas de frases como «até há quem pense…», o que permite colocar a seguir o que se quiser, pois há sempre quem pense o mais abstruso. Espanta que jornais respeitáveis entrem nestas práticas. Práticas cuja finalidade fica clara ao ler-se a conclusão invariável: «perda de autoridade moral da Igreja». Mas a autoridade da Igreja vem de outro lado. E que autoridade moral tem o jornal para dizer isto? O contexto é a guerra cultural. Parecendo combater a pedofilia, visa-se a promoção do aborto, eutanásia, divórcio, promiscuidade.
A prática é tradicional. Assim se criou há séculos o mito da Igreja sanguinária nas cruzadas e Inquisição. Tirando os casos do contexto, relacionando épocas diferentes e empolando os números, gerou-se a lenda do terror inquisitorial em que hoje ainda até muitos católicos acreditam. Não importa que os processos fossem rigorosos e transparentes, as condenações uma ínfima minoria dos casos julgados e pouquíssimas face às execuções civis, numa épocas de pena capital habitual. Julgadas em contexto cultural muito diferente, essas informações distorcidas e parciais criaram uma das maiores falsificações da História.
Nada disto anula os terríveis pecados cometidos, quer nos atropelos da Inquisição, quer nos indiscutíveis casos de padres pedófilos. Cada injustiça inquisitorial, como cada abuso de menor, é horrível e exige atenção e punição exemplar. Por isso Papa e bispos pedem desculpa e impõem responsabilidades.
Mas o que temos agora é outra injustiça, a de tentar degradar toda uma classe respeitável e, por arrastamento, a maior denominação religiosa do mundo, com acusações apressadas e distorcidas. Como Nero, os jornais hoje querem convencer-nos que os padres comem criancinhas. Como há 2000 anos, esta Páscoa é celebrada ao som do grito «crucifica-o, crucifica-o!»

naohaalmocosgratis@fcee.ucp

DN 2010.04.05

JOÃO CÉSAR DAS NEVES

domingo, 4 de abril de 2010

Dia de Páscoa

Hoje é um dos dias mais significativos da religião católica.
Depois de quarenta dias de Quaresma, vive-se o dia da Ressurreição.
Porém, o dia de festa, vivido pelo povo, em múltiplos convívios familiares, está prejudicado pelo término, de há alguns anos a esta parte, do compasso distendido no tempo.
Claro que é fruto dos novos tempos e também da necessidade de centrar as cerimónias na sua verdadeira vertente religiosa.
No entanto, assim sendo, a Páscoa passa ainda mais depressa, mais fugidia.
Este ano, a Páscoa fica marcada pela campanha anti-clero e anti-catolicismo, centrada na pedofilia entre o clero.
É um dos mais violentos e dissimulados ataques à religião católica.
Todos nós conhecemos os muitos crimes cometidos, ao longo dos séculos, em nome das diferentes religiões, todos nós conhecemos os actos hediondos praticados por clérigos das mais variadas Igrejas.
Os tempos têm vindo a julgar os "homens" e a perpetuar as crenças, a Fé, a doutrina.
Por isso não compreendo a acção persecutória contra o Papa, os Bispos e demais responsáveis pelos actos, recrimináveis, cometidos, há décadas, por diversos "homens da Igreja", enquanto se pactua, com o silêncio, com a violência e muitos outros crimes praticados hoje, no seio de outras religiões e por outros dirigentes políticos ou religiosos.
Uma Santa Páscoa para todos e que nos nossos corações Jesus Ressuscite!

sábado, 3 de abril de 2010

Orquestra descontraída


Com votos de Páscoa Feliz!

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Hotel de charme


Com que então hotel de charme?!?!?!?!?!?!

Uma boa notícia só mesmo no 1.º de Abril!!!!!!!!

Abraço amigo a todos quantos ficaram mais felizes com a ideia.


quinta-feira, 1 de abril de 2010

Hotel de charme


Há já muito tempo que a Câmara Municipal vem anunciando e prometendo um hotel para Cabeceiras de Basto.
No entanto, como um hotel não é um serviço que possa ser municipalizado, ao que chegaríamos, parece que desta vez pretendem expropriar o Colégio S. Miguel de Refojos, logo que a nova escola esteja concluída, e depois ceder o espaço ao Grupo Pousadas de Portugal, para aí instalar um hotel de charme.
É isto mesmo que se espera para o final deste mandato.
Muito charme para renovar uma maioria.
É assim uma nova visão para o futuro!

No espaço


Flutuar no espaço, durante uma missão.