segunda-feira, 18 de maio de 2009

Silêncios

Manuela Ferreira Leite instituiu aquilo que hoje se designa de “política do silêncio”. Contudo há diferentes silêncios.

Silêncio 1 – A moda pegou no PSD e de Lisboa disseminou-se à maioria das distritais e secções concelhias do partido. Não se ouvem as vozes regionais e locais. A líder “fala” sozinha e normalmente os que falam é para dizer mal dela. Por cá, depois de ser derrubada uma direcção local conhecida (nas estruturas distritais) por “falar demais”, depois de um ano de ausência de protagonistas, eis que uma nova gestão chegou, mas há dois meses que se mantém em silêncio. Nada há a criticar, nada há a sugerir, nada!…

Silêncio 2 – A oposição, em Cabeceiras, era tida como irreverente, até porque também pontificava a CDU e a voz incómoda do seu líder local. Agora, no mais ensurdecedor silêncio. Será que o PSD tinha razão quando, em tempos, criticou um certo aproximar de posições com o poder? Silêncio que precisa de ser quebrado.

Silêncio 3 – O mesmo acontece com a Rádio Voz de Basto. Hoje um órgão de comunicação social que não tem qualquer papel activo na discussão dos problemas do concelho, da região e do país. Não numa perspectiva político-partidária, mas numa função cívica que o seu estatuto de órgão de comunicação social exige.

Silêncio 4 – O silêncio percorre também o partido do poder. Não que estejam calados. Bem pelo contrário! Aliás, até têm uma política de oposição à oposição (mesmo que digam que ela não é digna de registo). Porém, falam de tudo quanto não é essencial: casamentos gays, eutanásia, aborto. São questões “fracturantes de esquerda”, para encobrir o silêncio (e a falta de medidas concretas) que fazem sobre os verdadeiros problemas do país: o desemprego, a miséria social (para onde está a ser arrastada uma parte considerável da dita classe média), a violência, a insegurança, a falta de cuidados de saúde, a falta de políticas sociais, … Pela nossa terra, sentimos também estes e outros problemas. Sentimos também o silêncio e a falta de respostas.

Silêncio quebrado – A Assembleia de Freguesia do Arco de Baúlhe quebrou o silêncio do unanimismo e tomou posição dissonante sobre a construção da barragem de Fridão, no Tâmega. Não me pronuncio sobre a essência da questão, mas é bom ver que ainda há quem não se cale e se acomode, pelos nossos lados. 

Publicado na edição de Fevereiro de 2009

2 comentários:

  1. Não podia deixar de cumprimentar o meu amigo Prof. Mário Leite, pelo trabalho desenvolvido em prol de Cabeceiras de Basto, através desta janela indiscreta, a que só agora tive acesso.
    Obviamente, que ser oposição, é isso mesmo... estar atento ao mundo que nos rodeia e discutir os principais problemas da nossa terra, com seriedade,abnegação e humildade, que não fica nada mal a ninguém.
    Quanto à construção da barragem de fridão, a minha opinião, é "nim".
    O que de bom ela poder trazer, eu aceito.
    Se ela for construída, os Mondinenses irão sofrer uma substancial mudança no clima, pois que o lençol de água que se adivinha, irá mudar por completo a situação climática e acabar com as belezas, deste Tâmega maravilhoso, que a natureza nos ofereceu.Por outro lado, se se não construir, e dada erreversivilidade da condtrução das barragenr projectadas a montante, o Tâmega em Mondim, passará a ser um rio seco, sujo e porco de águas nulas, com um prejuizo que ainda não será possível calcular.
    Enfim... aguardemos.
    Obrigado Professor e um grande abraço do amigo de sempre,
    J. Teixeira da Silva

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  2. Agradeço o comentário e os cumprimentos amigos, que retribuo.

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