sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Verão

Verão…

Verão é sinónimo de calor, de férias, de emigrantes, de festas.

Verão é as preocupações do costume: fogos, afogamentos, acidentes, muitas mortes.

Não fugimos à regra este ano.

Muito calor, demasiados fogos, muitas vidas perdidas no mar, nos rios e nas estradas.

Será que de um ano para o outro não somos capazes de aprender alguma coisa?

Será que cada um de nós é tão insensível ao que se passa à nossa volta?

Será que os poderes públicos não conseguem alterar as diferentes formas de interagir de modo a evitar estas calamidades?

Temos de repensar a nossa forma de viver para que possamos ter a esperança de alcançar mais alguns verões.

Pobreza

Há já algum tempo que a palavra pobreza passou a estar presente em todas as discussões políticas.

Não pela pobreza dos diferentes discursos que se ouvem, mas pela análise da gravidade da situação social em que vivemos.

Sempre tive uma particular sensibilidade por quantos são excluídos da “fortuna” de uma vida social, económica e cultural estável.

Vivi a minha juventude entre o contraste entre aqueles que trabalhavam desde pequeninos no campo e alguns que podiam estudar para almejar uma vida melhor.

Hoje, com estudos ou sem eles, a pobreza chega a todo o lado.

Os índices de desemprego ameaçam mesmo aqueles que ao longo de muitos anos tiveram uma vida estável e até promissora.

Obviamente que os desprotegidos da sociedade, numa época de crise, sentem ainda mais os seus efeitos.

As medidas restritivas do PEC vêm diminuir a capacidade de resposta às necessidades sociais.

Sei que o modelo de estado social que se almeja não se consegue através de subsídios, de proteccionismo, mas através de investimento, de criação de riqueza, de desenvolvimento.

Porém, nos últimos anos, temos vindo a seguir o primeiro dos caminhos, destruindo o tecido social, as empresas, e provocando um efeito inverso do pretendido.

Já há muito que faz falta mudar de paradigma.

É tempo de olhar com realismo para a vida. Não basta dizer que queremos um “estado social”, “saúde grátis”, “educação para todos” e outras parangonas do costume.

É urgente saber quanto é que isso custa e se temos dinheiro para o pagar. Sabemos quem é que paga, somos todos nós.

E estamos a pagar muito, há muito tempo, sem o equivalente retorno.

Ao contrário do discurso oficial, há cada vez mais pobreza.

Diria mesmo, estamos numa pobreza franciscana aos mais variados níveis.

Publicado na edição de Agosto de "O Basto"

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