sexta-feira, 26 de junho de 2009

Em sentido contrário...


Já aqui referi que participei num colóquio da CESI e sobre ele expressei algumas das ideias centrais.
Hoje gostaria de reflectir sobre uma das intervenções de François Ziegler, Administrator to the European Commission, DG Employment, Social Affairs and Equal Opportunities (designação oficial da sua função na Comissão Europeia), que defendeu que mais de 40% das decisões políticas são hoje tomadas a nível europeu, que o papel dos parceiros sociais é fundamental e têm mais poderes do que a própria Comissão Europeia, em questões sociais, em virtude do sistema de negociação e aprovação de recomendações.
Ora, nesta linha de actuação, a Europa dos 27 discute e aprova o reforço das medidas de apoio às famílias para que possam acompanhar os seus filhos na escola e na vida quotidiana.
Discutem e aprovam medidas como a licença parental, o trabalho em horários reduzidos, horários flexíveis, auto-organização de horários.
Vão mais longe e sustentam o dever social das próprias empresas no sentido de elas próprias criarem sistemas de apoio, nomeadamente através da criação de creches, infantários, escolas, cantinas, centros de convívio, sempre no sentido de apoiar as famílias enquanto pedra basilar da sociedade e da educação dos seus filhos.
Em Portugal, vamos em contramão, vamos em sentido contrário.
O Ministério da Educação, o Ministério da Segurança Social, o Primeiro Ministro lançam e apregoam a "Escola a tempo inteiro", como forma de agradar aos pais e aliviá-los do peso da responsabilidade diária e permanente de assegurar o acompanhamento e a educação dos seus filhos.
Se possível, a "escola" deveria funcionar até o dia todo. Os pais ficavam livres dos filhos...
Ao irmos em sentido contrário, já está a custar-nos muito, mas daqui a alguns anos iremos pagar um factura brutal.
É lamentável que sejamos tão cegos, que não queiramos ver...

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