Carnaval
Alberto João Jardim, ao abandonar a reunião do Conselho de Estado, desejou aos jornalistas um bom Carnaval.
Realmente, ele foi premonitório.
Eles tiveram uma época carnavalesca cheia de movimento e de motivos para exercerem a sua actividade.
Numa época de folia, de palhaçadas, de máscaras e mascaradas, eis que a divulgação das escutas do processo “Face Oculta”, extraíram a “máscara” ao nosso primeiro-ministro, José Sócrates.
Enquanto, por um lado, Sócrates assume a pose de Estado, as responsabilidades de governante, por outro, o José, o cidadão, o da vida privada, assume-se comparsa de um grupo que vai resolvendo os casos problemáticos (TVI, Manuela Moura Guedes, Moniz, Público, José Manuel Fernandes, Mário Crespo, …).
É uma situação insustentável, para ele e para o País.
Em nenhuma democracia se aceita um primeiro-ministro que se vê envolvido numa sequência de tantos escândalos.
Depois ficamos admirados dos péssimos resultados verificados naquilo que é essencial: desemprego, défice, divergência com a Europa, ataques especulativos na bolsa, aumento das taxas de juro, desprestígio para a Justiça.
Ao entrar na Quaresma, é altura para se expiar os males. É altura para se encontrar rapidamente uma saída para este estado de coisas. É altura para que Portugal reassuma o trilho do desenvolvimento, o respeito pelos valores democráticos, alicerçado num Governo e num primeiro-ministro que seja respeitado e se faça respeitar.
Barragens
Começo por assumir que não disponho de conhecimentos suficientes para fazer uma opção consciente neste diferendo a favor ou contra as barragens. E sou claramente a favor das energias renováveis e limpas.
Um pouco por todo o mundo existem barragens e resolvem os problemas ecológicos que se levantam. Como existem centrais nucleares produtoras de energia que funcionam sem problemas.
Contudo, também reconheço que a construção das barragens e o seu funcionamento têm implicações demasiado amplas e nefastas para o ambiente.
Penso que antes de discutir as questões pontuais da barragem x ou y, deveria ocorrer um verdadeiro debate sobre a questão energética.
Fazer uma verdadeira opção para a resolver.
Todas estas construções, pelos vistos, só satisfazem cerca de 4% das nossas necessidades.
Aqui, talvez resida a questão principal.
Nós que somos tão críticos, quanto às questões energéticas, não nos preocupamos seriamente com os nossos consumos e desperdícios de energia.
A única forma de sermos verdadeiramente ecológicos passa, em primeira linha, por uma atitude responsável e de poupança de energia.
A melhor central eléctrica é, seguramente, a nossa poupança.
Contrapartidas
A propósito das construções de barragens no rio Tâmega, os autarcas dos concelhos da região de Basto reuniram-se para estudar o pedido de contrapartidas a exigir.
Não temos visto esta atitude para resolver outros problemas das nossas terras, mas como se trata de obter mais uns euros, eis que já estão disponíveis para estabelecer um acordo.
No entanto, todos nós conhecemos os acordos anteriores e os seus resultados.
Pergunto apenas, o que é feito do acordo para o encerramento da linha ferroviária do Tâmega e das suas contrapartidas?
Texto editado no jornal "O Basto", de Fevereiro 2010
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