sábado, 3 de julho de 2010

Quem nos defende?!

SCUT: Pagamento de autoestradas divide autarquias com poder de compra abaixo da média nacional

O presidente de Ribeira de Pena defende que o Governo deveria reavaliar o pagamento de portagens pelo seu concelho por ter um poder de compra abaixo da média nacional, uma posição contrária a outros autarcas na mesma situação.

O governo propôs terça feira a isenção de portagens para 46 municípios servidos pelas sete SCUT (autoestradas sem custos para o utilizador) por apresentarem um nível de poder de compra abaixo da média nacional (inferior a 100), segundo o índice de poder de compra concelhio publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

De acordo com este estudo, apenas 39 dos 308 concelhos do país superavam em 2007 o poder de compra per capita médio nacional, pelo que muitos dos municípios com baixo poder de compra pagam já portagens nas autoestradas que nunca foram SCUTS.

Este é o caso de Ribeira de Pena, Anadia, Castro Verde, Montemor-o-Novo e Ourique, entre outros contactados pela agência Lusa.

“Eu continuo a dizer que o Governo deveria ter um conceito de justiça bastante apurado e deve refletir e rever a situação dos concelhos que estão a pagar, tal como Ribeira de Pena, Cabeceiras, Celorico e Mondim de Basto, que são concelhos dos mais pobres”, disse à Lusa o presidente de Ribeira de Pena, Agostinho Alves Pinto (PPD/PSD).

O autarca considera que “a discriminação negativa” do seu concelho “começou logo no início”, quando se colocou a situação de pagar portagem na A7, altura em que se manifestou “no sentido de poderem isentar toda a zona de Basto”, à semelhança do que acontecia no Algarve.

Já o autarca de Anadia, Litério Marques (PSD), gostava de poder pagar portagens no seu concelho, que é atravessado pela A1, mas não tem um nó de acesso a esta autoestrada - embora ele “tenha sido prometido por sucessivos governos e inscrito em PDM”.

“As pessoas do meu concelho, que também estão abaixo desse índice, não vão ter esse [isenção de pagamento] nem nenhum outro benefício. O único benefício que eu pedia era o de criarem aqui um nó de acesso para que os cidadãos não tenham de se deslocar aos concelhos de Oliveira do Bairro ou da Mealhada para poderem entrar na autoestrada e pagar portagens”, considerou Litério Marques.

Salientando que o seu concelho tem boas acessibilidades, quer por autoestrada quer por estradas nacionais e regionais, Carlos Pinto de Sá (CDU), autarca de Montemor-o-Novo, servido pela A6 (Lisboa - Madrid) considera que o preço elevado da portagem desta autoestrada tem “um custo tremendo” para a cidade.

“Um conjunto de utilizadores para fugir às portagens vêm para as estradas nacionais, o que faz com que suportemos no centro da cidade a passagem da maior parte do trânsito, nomeadamente os pesados de mercadorias”, explicou.

Mais do que o índice de poder de compra, para este autarca o critério para o pagamento ou isenção das SCUT deveria ser o da “existência de alternativas válidas”, considerando que “em todo o lado onde não há alternativas válidas não tem razão nenhuma a introdução de portagens, porque isso afeta e contribui para o despovoamento dessas regiões”.

O presidente de Castro Verde, António Colaço (CDU), destaca que o aumento da riqueza ou a chegada de novos investimentos ao seu concelho não foram afetadas positiva ou negativamente pelo pagamento de portagens, porque “existem muitas alternativas” para o trânsito local e a A2 serve apenas “para ir ao Algarve ou a Lisboa”.

Pedro do Carmo (PS), autarca de Ourique, considera que o seu concelho, também servido pela A2, é um “exemplo do que deveriam ser” as acessibilidades no resto do país, porque existem boas alternativas quer à A2 quer no acesso a Espanha.

“A diferença entre ir a Lisboa pela A2 ou pelo IC1, em termos de tempo, é apenas mais cerca de meia hora pela via alternativa, onde não se paga”, explicou.

*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***

Comentário
Li este artigo no Correio do Minho e dei comigo a questionar-me: quem nos defende em Cabeceiras de Basto?
Sim, porque pelos vistos só o presidente da câmara de Ribeira de Pena é que protesta.
Haverá no país região mais pobre do que a nossa?
Não, não há, segundo os estudos e estatísticas oficiais.
Então como se entende que nós continuemos a pagar, a pagar bem caro, as portagens e agora andam a arranjar "descontos", "benesses", para os residentes em zonas muito mais ricas e desenvolvidas do que a nossa?!
Bem faz o presidente de Ribeira de Pena em protestar.
Gostava de ver os outros da região fazer o mesmo.

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