Uma mega-operação de inaugurações e o discurso político governamental elegem de novo a Educação ao centro das prioridades.
Ora as questões da Educação são, por demais, complexas.
Complexas porque há muitas variáveis em jogo, muitos agentes, muitas teorias e os resultados só são visíveis muitos anos volvidos, às vezes muitas décadas passadas.
Assim sendo, urge refutar ideias que desde logo são falsas, de modo a evitar utilizá-las ou como arma de arremesso ou como factor distractivo da realidade.
Analiso duas dessas ideias:
Os problemas da Educação resolvem-se por decreto
Esta não é uma solução para os problemas da educação.
Primeiro porque qualquer Governo tem essa prerrogativa.
Depois, porque todos os Governos a usaram com maior ou menor frequência.
Finalmente, porque nos últimos anos, principalmente na governação Sócrates, a Educação tem sido varrida por legislação sucessiva, mas nem por isso se registam melhorias na Educação, bem pelo contrário.
Podemos pois concluir que não é por esta via que se resolvem os problemas da Educação.
Os problemas da Educação resolvem-se com infra-estruturas e equipamentos
Outra das soluções miraculosas é a do investimento em infra-estruturas e equipamentos.
Exactamente agora, o Governo aponta os milhões que gastou e vai a gastar com a renovação do parque escolar e com o seu reapetrechamento.
Este é um aspecto positivo, mas não é por si só determinante.
Se o fosse, já qualquer um dos governos anteriores teria resolvido o problema.
A Educação faz-se com pessoas (professores, alunos, funcionários, encarregados de educação, sociedade em geral), não com mais ou menos recursos materiais, não com melhores ou piores condições.
Senão como poderíamos afirmar que no passado havia melhor Educação do que há hoje?
Apostar, como fazem os governos de Sócrates, nos negócios das obras e dos computadores, não contribui, praticamente, em nada para a evolução positiva da Educação.
Jamais esqueço as sábias palavras de uma muito jovem aluna que quando confrontada, pela então Ministra da Educação Lurdes Rodrigues, sobre a nova escola que estava a inaugurar, lhe perguntou o que mais gostava, ela respondeu que era da Professora.
A Educação é uma questão de "humanidade", não de euros, de equipamentos, de obras. Sem isso pode-se enterrar uma fortuna que de nada vale.
Pelo que, estas duas ideias tão propaladas, tão enfatizadas por quem nos governa, só servem para desviar as atenções, só servem para virar a população contra os professores, só servem para criar mais problemas onde já há tantos e onde era suposto dar resposta às necessidades educativas dos nossos jovens.
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