segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Gerir com sustentabilidade!


Nota prévia: No meu último artigo de opinião, assumi ter aceite o desafio de ser o candidato à presidência da Câmara Municipal, em representação da coligação PSD/CDS.
Deste modo, reafirmo a declaração de interesses manifestada, quando iniciei a colaboração neste espaço, acrescida da nova circunstância.

Diz o ditado popular que “em casa em que não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”.
É assim que nos acontece, hoje, na nossa casa coletiva, o País.
Mas de nada vale ralhar. Há ano e meio atrás estávamos falidos, na bancarrota, os mercados já não nos emprestavam o dinheiro necessário, nem a juros exorbitantes como aconteceu, para fazer face às despesas elementares do Estado, ou seja, já não havia dinheiro para pagar ordenados, pensões e todas as despesas públicas que consubstanciam aquilo que se define como o “estado social”.
Foi preciso uma coragem férrea, que muitos entendem como teimosia, para estancar o desastre e assumir um conjunto de medidas, impopulares, mas que trarão Portugal de novo para o patamar da libertação das condições impostas pelas instâncias estrangeiras que agora nos “governam”.(*)
Curiosamente, aqueles que nos arrastaram para esta situação apresentam como solução ficar mais tempo debaixo do jugo externo e pagar mais juros pelo alargamento do prazo da intervenção internacional.
Mas de nada valerá discordar ou não desta situação. É a realidade!
E como tal, devemos aprender com ela. Há muito que inúmeras figuras públicas, políticas, económicas, jornalistas, vinham a chamar a atenção para o facto de o Estado estar a gastar muito mais do que o que podia e devia. Em suma, não havia sustentabilidade na gestão dos recursos nacionais.
Todas as obras são importantes e necessárias. Há sempre interesse em fazer algo mais. Há sempre argumentos para justificar novos investimentos.
Quem é que não quer sempre mais?
Só que se torna imperioso assegurar a sustentabilidade, isto é gastar de acordo com as disponibilidades, com a riqueza produzida, com as receitas existentes.
Estar a gastar por conta leva, inevitavelmente, ao descalabro e a uma crise a médio ou a longo prazo.
É assim em cada uma das nossas casas, é assim ao nível das organizações, é assim ao nível do Estado.
É assim, também, ao nível de uma autarquia.
Não podemos continuar a gastar e a aumentar a dívida e o passivo. Um dia vamos ter de pagar. Pagar com juros elevados, mas também com a perda de poder de decisão política, porque a gestão da dívida se vai sobrepor a tudo o resto.
Está a ser assim no país.
Gerir com sustentabilidade não representa deixar de fazer obras. Exige-se é que sejam feitas as mais necessárias e dentro do limite da capacidade financeira realmente existente.
O que tem vindo a acontecer é que se gastou o que havia e hipotecou-se o futuro. Não podemos esquecer que a Câmara Municipal de Cabeceiras tinha 37 milhões de euros de passivo, no final de 2011.
Durante muitos anos, os nossos vindouros irão trabalhar e contribuir com os seus impostos e taxas só para pagar as dívidas e os juros das obras que por aí foram feitas.
Temos de inverter esta situação para conseguir evitar o mesmo desastre que agora vivemos a nível do país.
Precisamos de uma política de defesa geracional, entre os mais novos e os mais idosos, que só será assegurada com responsabilidade e gestão criteriosa dos recursos existentes.
É fundamental uma gestão sustentável, coisa que não acontece na nossa autarquia.
Está na hora de dizer basta e de mudar de rumo.

(*) Já depois de ter escrito este texto, ocorreu a antecipação do regresso aos mercados, fruto dos resultados obtidos pelo Governo, geradores de confiança e potenciadores de uma nova fase, esta sim virada, como se espera, para o desenvolvimento económico.

Publicado na edição de Janeiro/2013 de "O Basto"