quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Uma análise interessante

sábado, 27 de agosto de 2011

Portugal é uma beleza!

Os lambe-cús

"Noto com desagrado que se tem desenvolvido muito em Portugal uma modalidade desportiva que julgara ter caído em desuso depois da revolução de Abril. Situa-se na área da ginástica corporal e envolve complexos exercícios contorcionistas em que cada jogador procura, por todos os meios ao seu alcance, correr e prostrar-se de forma a lamber o cu de um jogador mais poderoso do que ele.
Este cu pode ser o cu de um superior hierárquico, de um ministro, de um agente da polícia ou de um artista. O objectivo do jogo é identificá-los, lambê-los e recolher os respectivos prémios. Os prémios podem ser em dinheiro, em promoção profissional ou em permuta. À medida que vai lambendo os cus, vai ascendendo ou descendendo na hierarquia. Antes do 25 de Abril esta modalidade era mais rudimentar. Era praticada por amadores, muitos em idade escolar, e conhecida prosaicamente como «engraxanço». Os chefes de repartição engraxavam os chefes de serviço, os alunos engraxavam os professores, os jornalistas engraxavam os ministros, as donas de casa engraxavam os médicos da caixa, etc... Mesmo assim, eram raros os portugueses com feitio para passar graxa. Havia poucos engraxadores. Diga-se porém, em abono da verdade, que os poucos que havia engraxavam imenso.
Nesse tempo, «engraxar» era uma actividade socialmente menosprezada. O menino que engraxasse a professora tinha de enfrentar depois o escárnio da turma. O colunista que tecesse um grande elogio ao Presidente do Conselho era ostracizado pelos colegas. Ninguém gostava de um engraxador.



Hoje tudo isso mudou. O engraxanço evoluiu ao ponto de tornar-se irreconhecível. Foi-se subindo na escala de subserviência, dos sapatos até ao cu. O engraxador foi promovido a lambe-botas e o lambe-botas a lambe-cu. Não é preciso realçar a diferença, em termos de subordinação hierárquica e flexibilidade de movimentos, entre engraxar uns sapatos e lamber um cu. Para fazer face à crescente popularidade do desporto, importaram-se dos Estados Unidos, campeão do mundo na modalidade, as regras e os estatutos da American Federation of Ass-licking and Brown-nosing. Os praticantes portugueses puderam assim esquecer os tempos amadores do engraxanço e aperfeiçoarem-se no desenvolvimento profissional do Culambismo.

(...) Tudo isto teria graça se os culambistas portugueses fossem tão mal tratados e sucedidos como os engraxadores de outrora. O pior é que a nossa sociedade não só aceita o culambismo como forma prática de subir na vida, como começa a exigi-lo como habilitação profissional. O culambismo compensa. Sobreviver sem um mínimo de conhecimentos de culambismo é hoje tão difícil como vencer na vida sem saber falar inglês."

Miguel Esteves Cardoso, in "Último Volume"

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

As faces da mesma moeda


Temos por hábito rotular as coisas, os comportamentos, as situações.
            Recorrentemente distinguimos entre o bem e o mal, o bonito e o feio, o correto e o incorreto, e até entre a virtude e o pecado.
            Claro que nem tudo é feito destes contrastes, mas não deixa de ser verdade que para cada coisa há sempre pelo menos duas formas de a encarar.
            Usa dizer-se que há duas faces da mesma moeda.
            Vem tudo isto a propósito da agitação política que se vive no PS local.
            O presidente da câmara e influente dirigente partidário impôs a sua força, fazendo vingar a nomeação do presidente da assembleia municipal como candidato à câmara nas próximas eleições.
            Obviamente, para quase todos, militantes ou não do PS, a solução mais natural seria a candidatura do atual vice-presidente.
            Este, aliás, assumiu essa vontade apresentando uma candidatura alternativa, mas perdeu, o que também não era difícil de adivinhar.
            Aqui chegados, agitaram-se as águas, perspetivam-se alternativas, novos cenários.
            Conforme se pode comprovar na blogosfera, este facto está a criar um profundo mal-estar no interior do PS. Claros indícios de divisão interna não ficaram apenas registados na votação realizada no órgão partidário.
            Esperemos para ver no que isto dá.
            Mas, como dizia no início, isto é, apenas e só, as duas faces da mesma moeda. Uns e outros lutam pelo poder dentro do PS e para que os mesmos continuem a governar a autarquia.
            Em qualquer dos casos, pensando apenas na continuidade no poder, agarrando-se às suas cadeiras como uma lapa.
Do meu ponto de vista, Cabeceiras precisa de mudar, precisa de uma alternativa que não seja a escolha de uma das faces da mesma moeda.
Precisa de uma nova “moeda”.
           
Comércio local
           
            Ao longo dos anos, a Câmara de Cabeceiras resistiu à implantação de lojas de média dimensão, com o argumento de que os hipermercados prejudicam o comércio local.
            Sobre este assunto já escrevi aqui, em novembro do ano passado, afirmando: “Das duas uma, ou nós por cá somos os mais inteligentes por ter resistido à moda, ou, pelo contrário, somos os mais idiotas por não ter sabido tirar partido de um fenómeno que alterou significativamente a forma de comercializar os produtos e ser fonte de atração social e desenvolvimento económico.
            Quase um ano volvido, continuamos a não ter um hipermercado, mas temos já várias lojas “chinesas”, uma delas de grande envergadura, quase um verdadeiro hipermercado.
            É este o modelo económico que a Câmara privilegia?
            Estamos conversados…
           
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.
Publicado na edição de agosto de 2011 de "O Basto"

terça-feira, 9 de agosto de 2011

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Verão em Cabeceiras

Chegou o verão, como é natural em cada ano que passa.
Se com a primavera chegam as andorinhas, com o verão, Cabeceiras enche-se de jovens, de pessoas de todas as idades.
São os “emigrantes” de todas as paragens que regressam a casa.
Os estudantes que culminaram mais uma ano letivo e vêm gozar as merecidas (ou não) férias.
São os muitos trabalhadores que em férias voltam à sua terra.
São os nossos conterrâneos que de todos os cantos do mundo regressam por escassas semanas ao aconchego do lar e das famílias.
Todo este movimento estival dá cor, movimento, som à pacata e pardacenta vila dos restantes meses.
Como é bela a nossa vila agora!
Há gente, há juventude, há movimento!
As ruas tem peões, as estradas muitos carros, os estabelecimentos comerciais fazem negócios.
Como é triste saber que a nossa terra poderia ser cheia de vida e sobrevive cerca de onze meses na penúria de uns poucos que aqui decidiram (ou se viram obrigados) a ficar.
Chegámos a esta situação devido ao absurdo das políticas de valorização do setor municipal. Tudo tem de ser da câmara: serviços administrativos, escolas, saúde, cultura, associativismo, festas, recreação, empresas (municipais) e até cooperativas.
Mas Cabeceiras tem potencialidades para ser uma terra de progresso e de desenvolvimento.
Precisa é de ter políticas de desenvolvimento para as pessoas, para a iniciativa privada, para a criação de riqueza, para a criação de postos de trabalho.
Uma cultura de liberdade e de democracia, política e económica.
Num momento de profunda crise, numa altura em que se acenam com nuvens negras para o futuro, é importante pensar e potenciar a esperança.
Cabeceiras pode e deve caminhar num novo rumo.
Cabeceiras tem futuro, porque os cabeceirenses sempre foram pessoas de sucesso em todo o mundo. Sê-lo-ão também na sua própria terra.
É altura de começar a mudar, rumo a um novo horizonte.
É altura de construir um projeto de futuro, para que Cabeceiras não seja grande e atrativo só no verão.
E com isto deixo uma saudação especial a todos quantos nestes dias por cá passam e incentivo-os a colaborar nesse novo projeto, de modo a que possam investir na sua terra, possam cá viver com regularidade, possam contribuir para engrandecer e desenvolver a terra que é de nós todos.
Boas férias para todos!
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.         
Publicado na edição online de  "O Basto"