Temos por hábito rotular as coisas, os comportamentos, as situações.
Recorrentemente distinguimos entre o bem e o mal, o bonito e o feio, o correto e o incorreto, e até entre a virtude e o pecado.
Claro que nem tudo é feito destes contrastes, mas não deixa de ser verdade que para cada coisa há sempre pelo menos duas formas de a encarar.
Usa dizer-se que há duas faces da mesma moeda.
Vem tudo isto a propósito da agitação política que se vive no PS local.
O presidente da câmara e influente dirigente partidário impôs a sua força, fazendo vingar a nomeação do presidente da assembleia municipal como candidato à câmara nas próximas eleições.
Obviamente, para quase todos, militantes ou não do PS, a solução mais natural seria a candidatura do atual vice-presidente.
Este, aliás, assumiu essa vontade apresentando uma candidatura alternativa, mas perdeu, o que também não era difícil de adivinhar.
Aqui chegados, agitaram-se as águas, perspetivam-se alternativas, novos cenários.
Conforme se pode comprovar na blogosfera, este facto está a criar um profundo mal-estar no interior do PS. Claros indícios de divisão interna não ficaram apenas registados na votação realizada no órgão partidário.
Esperemos para ver no que isto dá.
Mas, como dizia no início, isto é, apenas e só, as duas faces da mesma moeda. Uns e outros lutam pelo poder dentro do PS e para que os mesmos continuem a governar a autarquia.
Em qualquer dos casos, pensando apenas na continuidade no poder, agarrando-se às suas cadeiras como uma lapa.
Do meu ponto de vista, Cabeceiras precisa de mudar, precisa de uma alternativa que não seja a escolha de uma das faces da mesma moeda.
Precisa de uma nova “moeda”.
Comércio local
Ao longo dos anos, a Câmara de Cabeceiras resistiu à implantação de lojas de média dimensão, com o argumento de que os hipermercados prejudicam o comércio local.
Sobre este assunto já escrevi aqui, em novembro do ano passado, afirmando: “Das duas uma, ou nós por cá somos os mais inteligentes por ter resistido à moda, ou, pelo contrário, somos os mais idiotas por não ter sabido tirar partido de um fenómeno que alterou significativamente a forma de comercializar os produtos e ser fonte de atração social e desenvolvimento económico.”
Quase um ano volvido, continuamos a não ter um hipermercado, mas temos já várias lojas “chinesas”, uma delas de grande envergadura, quase um verdadeiro hipermercado.
É este o modelo económico que a Câmara privilegia?
Estamos conversados…
Publicado na edição de agosto de 2011 de "O Basto"
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