Nota prévia: No meu último artigo
de opinião, assumi ter aceite o desafio de ser o candidato à presidência da
Câmara Municipal, em representação da coligação PSD/CDS.
Deste modo, reafirmo a
declaração de interesses manifestada, quando iniciei a colaboração neste
espaço, acrescida da nova circunstância.
Diz o ditado popular
que “em casa em que não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”.
É assim que nos
acontece, hoje, na nossa casa coletiva, o País.
Mas de nada vale
ralhar. Há ano e meio atrás estávamos falidos, na bancarrota, os mercados já
não nos emprestavam o dinheiro necessário, nem a juros exorbitantes como
aconteceu, para fazer face às despesas elementares do Estado, ou seja, já não
havia dinheiro para pagar ordenados, pensões e todas as despesas públicas que
consubstanciam aquilo que se define como o “estado social”.
Foi preciso uma
coragem férrea, que muitos entendem como teimosia, para estancar o desastre e
assumir um conjunto de medidas, impopulares, mas que trarão Portugal de novo
para o patamar da libertação das condições impostas pelas instâncias
estrangeiras que agora nos “governam”.(*)
Curiosamente, aqueles
que nos arrastaram para esta situação apresentam como solução ficar mais tempo
debaixo do jugo externo e pagar mais juros pelo alargamento do prazo da
intervenção internacional.
Mas de nada valerá
discordar ou não desta situação. É a realidade!
E como tal, devemos
aprender com ela. Há muito que inúmeras figuras públicas, políticas,
económicas, jornalistas, vinham a chamar a atenção para o facto de o Estado
estar a gastar muito mais do que o que podia e devia. Em suma, não havia
sustentabilidade na gestão dos recursos nacionais.
Todas as obras são
importantes e necessárias. Há sempre interesse em fazer algo mais. Há sempre
argumentos para justificar novos investimentos.
Quem é que não quer
sempre mais?
Só que se torna
imperioso assegurar a sustentabilidade, isto é gastar de acordo com as
disponibilidades, com a riqueza produzida, com as receitas existentes.
Estar a gastar por
conta leva, inevitavelmente, ao descalabro e a uma crise a médio ou a longo
prazo.
É assim em cada uma
das nossas casas, é assim ao nível das organizações, é assim ao nível do Estado.
É assim, também, ao
nível de uma autarquia.
Não podemos continuar
a gastar e a aumentar a dívida e o passivo. Um dia vamos ter de pagar. Pagar
com juros elevados, mas também com a perda de poder de decisão política, porque
a gestão da dívida se vai sobrepor a tudo o resto.
Está a ser assim no
país.
Gerir com
sustentabilidade não representa deixar de fazer obras. Exige-se é que sejam
feitas as mais necessárias e dentro do limite da capacidade financeira
realmente existente.
O que tem vindo a
acontecer é que se gastou o que havia e hipotecou-se o futuro. Não podemos
esquecer que a Câmara Municipal de Cabeceiras tinha 37 milhões de euros de
passivo, no final de 2011.
Durante muitos anos,
os nossos vindouros irão trabalhar e contribuir com os seus impostos e taxas só
para pagar as dívidas e os juros das obras que por aí foram feitas.
Temos de inverter
esta situação para conseguir evitar o mesmo desastre que agora vivemos a nível
do país.
Precisamos de uma
política de defesa geracional, entre os mais novos e os mais idosos, que só
será assegurada com responsabilidade e gestão criteriosa dos recursos
existentes.
É fundamental uma
gestão sustentável, coisa que não acontece na nossa autarquia.
Está na hora de dizer
basta e de mudar de rumo.
(*) Já depois de ter
escrito este texto, ocorreu a antecipação do regresso aos mercados, fruto dos
resultados obtidos pelo Governo, geradores de confiança e potenciadores de uma
nova fase, esta sim virada, como se espera, para o desenvolvimento económico.
Publicado na edição de Janeiro/2013 de "O Basto"