Dizia, recentemente,
na Rádio Voz de Basto, que Cabeceiras bem poderia ser considerada a capital
europeia dos buracos.
E não me referia ao
estado das contas municipais. Referia-me ao estado em que estão as estradas do
nosso concelho.
Ao longo dos últimos
anos, temos ouvido dizer que se asfaltaram dezenas de quilómetros de estradas,
que se levaram os acessos aos lugares isolados, que se criou uma rede de
ligação entre as localidades.
Tudo isso é verdade.
Todos os lugares do
nosso concelho há dezenas de anos que têm acessos, mas reconhecemos, sem
tibiezas, que foi feito um trabalho positivo de renovação das estradas que lhe
dão acesso. Porém, não podemos ignorar que, na maior parte dos casos, as obras
ou não foram acabadas (falta de valetas, falta de sinalização, falta de marcações,
falta de proteções) ou a sua pavimentação foi deficiente, pelo que, volvidos
meia dúzia de anos, essas vias estão um verdadeiro campo minado.
Buraco à direita,
buraco à esquerda, buraco pelo eixo da via.
Não precisamos de
sair da vila para o verificar. Mas percorramos o concelho, de lés a lés, e a
situação é idêntica. Podemos sair da vila para os lados de Pedraça, ou para
Outeiro. Podemos fazer o percurso de Moimenta a Gondiães. Pelo Vilar à Uz, é a
mesma coisa. E, por aí fora, muitos outros exemplos poderíamos anotar.
Mas a ânsia de fazer
é tal, que se fazem novas vias, novas rotundas, mas tudo fica inacabado. Aumentam-se
os buracos. Vejamos o caso das variantes à vila, a rotunda da Cachada, a
rotunda de Lamas. Obras que já levam alguns meses de asfixiante paralisia,
criando as maiores preocupações aos condutores, pelos perigos que correm e
pelos prejuízos que as suas viaturas podem sofrer.
É imperioso um plano
realista e adequado para acabar com este estado de coisas.
A segurança
rodoviária é um direito de todos nós.
O
que faz falta…
Diz a canção que “o que faz falta é
animar a malta”.
Ora nesta ocasião de
más notícias, animar a malta será sempre positivo. Mas também diz o povo que
com “festas e bolos se enganam os tolos”.
E nós temos sido “tolos”,
já que nos deixamos enganar com muitas festas e talvez com alguns bolos…
Mas num contexto de
crise, numa situação em que o sector público está em colapso, exigia-se uma
sociedade civil forte e atuante.
Porém, nada disso
acontece, até porque tudo tem de estar coordenado politicamente, não vá haver
alguma revolução.
Durante estes anos
todos só se pensou em fazer obra pública. Obra que consumiu milhões de euros
que não tínhamos. Muitos milhões de euros que estamos a dever e que os nossos
filhos irão pagar, e pagar com juros elevados. Obra que nos custará os olhos da
cara, no futuro, com a sua manutenção e fruição.
Faz-me impressão que não
se tenha pensado em desenvolver o concelho pelo lado do investimento, pela
criatividade, pela valorização das nossas potencialidades.
Falar hoje, dezoito
anos volvidos, em industrialização, em produtos locais, em criação de emprego,
é de um desplante sem limite.
Para fazer isso não
teria sido preferível incentivar à radicação de empresas em vez de deixar sair
as que aqui havia?
Porque é que não se
deixa instalar um hipermercado?
Porque é que os
hotéis prometidos se ficam pela promessa?
Só porque esses
investimentos têm de ser privados e só se sabe gastar o dinheiro que é de todos
nós?
Como dizia num destes
dias, nós não gostamos que se ganhe dinheiro. Preferimos que todos nós percamos
dinheiro e que caminhemos neste percurso de empobrecimento coletivo.
Depois queixamo-nos!
Crónica para a edição de Maio de "O Basto"
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