Os últimos dias têm sido passados entre conversas sobre o acordo a estabelecer entre Portugal e a “troika” financeira internacional.
Muito se falou do que seria necessário, do que viria a ser conseguido, das medidas que seriam impostas.
Mas penso que não se falou o suficiente, nem o necessário, para saber o quanto nós precisamos e das razões dessa necessidade.
Foi preciso virem os economistas estrangeiros fazer as contas cá dentro, para sabermos o que andava escondido pelos cantos.
Foi preciso serem estrangeiros a dizer, “preto no branco”, que se gastou muito mais do que se devia, que o pedido de ajuda já devia ter sido feito há mais tempo, que o atraso no pedido de ajuda custará muitos milhões de euros, …
Até aqui, quem dissesse isso em Portugal era contra o País, era quase um traidor.
Mas falta ainda conhecer-se de facto muitos dos dados agora obtidos.
No entanto, sabe-se já que, nos seis anos de (des)governo de José Sócrates, a dívida pública contraída é idêntica à de todos os outros governos do país, ao longo de cerca de trinta e um anos. Um verdadeiro tsunami económico.
Sabe-se que nos últimos anos nada foi feito para suster as despesas públicas, bem pelo contrário, enquanto se extorquiu cada vez mais os cidadãos.
Sabe-se que temos mais de seiscentos mil desempregados. Ainda se lembram da promessa de cento e cinquenta mil novos empregos?!
Sabe-se que a emigração é um fenómeno só comparado ao dos anos sessenta do século passado.
Sabe-se que povoamos os primeiros lugares dos piores indicadores e os últimos dos bons.
Mau de mais para ser verdade.
Verdade nua e crua que nos procuraram esconder, entre fantasias delirantes e propaganda mediática.
Desta verdade resultou o acordo.
Acordo que nos vai sair bem caro, muitos, muitos milhões de euros…
Muito tempo, mais de uma década, em que ficaremos reféns dos compromissos assumidos.
Dificuldades acrescidas para todos.
Mas os mais desfavorecidos serão sempre aqueles que mais sofrerão.
É, enfim, o resultado das políticas sociais de Sócrates.
E como dizia um amigo meu, nós vamos deixar um País pior aos nossos filhos…
Editado na versão online de "O Basto", Maio/2011
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