O abismo é sempre um desafio.
Um desafio à coragem, um desafio às nossas capacidades, um
desafio aos limites.
O abismo é também a beleza, a expressividade da Natureza.
Mas nas relações sociais, na economia, na vida coletiva,
existem limites e o ultrapassar desses limites também nos leva ao abismo.
A crise económica e financeira, que a Europa vive, tem vindo
a levar ao abismo as economias mais fracas, mais vulneráveis, com a Grécia à
cabeça.
Porém, a Grécia tem revelado um atração fatal pelo abismo.
Mesmo agora que a Europa chegou a acordo para perdoar parte
considerável da dívida grega e para emprestar mais uma centena de milhar de
milhões euros, eis que o primeiro-ministro resolveu requerer um referendo.
Costuma-se dizer: pobres e mal agradecidos!
Alguém espera que um povo, que há meses vive em rebelião por
causa das medidas de austeridade, vai viabilizar, em referendo, as medidas que
contesta?
Obviamente que não!
Esta situação cria uma situação agravada de crise
internacional, que desde logo provocou enorme erosão financeira.
Erosão que se sente, de forma mais acentuada, nas economias
mais sensíveis, como a nossa.
Com a evolução negativa que se regista, estamos a correr
para o abismo, com consequências imprevisíveis.
Também por cá há quem julgue que se resolve o problema
desafiando os limites, não cumprindo os compromissos que assumimos.
Nesse caso temos os partidos de esquerda (PC, BE) que desde
o princípio se demarcaram de qualquer compromisso, de qualquer negociação. Mas
temos agora o próprio PS que não sabe o que fazer da vida.
Pediu o apoio internacional. Negociou os seus termos.
Durante o tempo em que ainda governou fê-lo da forma mais irresponsável,
deixando agravar o défice nos primeiros seis meses do ano. E agora tem dúvidas
quanto à posição a tomar?
Não tem a responsabilidade pela situação criada, pelos
termos dos compromissos internacionais que subscreveu?
Ou será que Seguro também quer cair no abismo da
irresponsabilidade de Sócrates?
Os portugueses já pagaram e vão pagar ainda mais pela irresponsabilidade
de uma governação que foi de delapidação do erário público.
Hoje, temos a obrigação de cumprir os compromissos que
assumiram para resolver os problemas que criaram.
As medidas são duras, muito duras, mas não temos
alternativa.
Melhor, temos o abismo por limite.
Publicado na edição online de "O Basto"
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