quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Cabeceiras andou à deriva


Os últimos dias têm sido marcados pela contestação às medidas, adoptadas pelo Governo e pelos seus serviços descentralizados, que, num esforço de reestruturação e contenção de despesas, promovem a concentração de chefias ou de serviços,
Assim aconteceu com a deslocalização da ambulância SIV – Suporte Imediato de Vida, com a delegação da DRAP-N – Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte – do Ministério da Agricultura e porventura acontecerá com a direcção do Centro de Emprego de Basto.
Curiosamente, não houve destas tomadas de posição quando foi o caso do encerramento da Equipa de Apoio às Escolas ou do encerramento do Serviço de Atendimento Permanente (SAP / Urgência) no Centro de Saúde.
Nestes ou noutros casos, impõem-se saber se os cabeceirenses são ou não prejudicados e se há ou não alternativas.
Claro que o encerramento de serviços, geralmente, nunca é positiva. Nisso todos estamos de acordo.
Porém, em nenhum dos casos ocorridos, os cabeceirenses ficaram sem capacidade de resposta das entidades visadas.
No caso da SIV, foi substituída por uma ambulância SBV – Suporte Básico de Vida, que satisfaz as necessidades básicas da nossa população e se mantêm integrada na rede do serviço do INEM.
Quanto aos serviços de agricultura e do emprego, apenas e só a direcção daqueles serviços transita, respectivamente, para Penafiel e Amarante. Para o cidadão e comum utente, na prática nada muda.
Então porque será que estas mudanças causaram tanta celeuma?
Apenas e só por mero jogo partidário do PS.
Num caso para fazer ajuste de contas internas, no(s) outro(s) para cavalgar a onda do descontentamento e atacar o Governo e os partidos que o apoiam.
Mas talvez fosse bom pensar nas causas destas medidas e em eventuais alternativas viáveis.
Todas estas medidas acontecem, porque Cabeceiras não tem objectivamente as condições estruturais que justifiquem a manutenção dos serviços.
Com quase duas décadas de forte investimento estatal no concelho, verifica-se como resultado que o único desenvolvimento que se regista é no aumento desemprego, no aumento da emigração, no aumento do empobrecimento dos cabeceirenses.
Ora o PS precisa urgentemente de desviar as atenções deste cenário em vésperas de eleições. Daí as guerras internas, daí o aproveitar de qualquer pequeno facto para lançar uma campanha de alarmismo social e de demagogia política, de modo a esconder as responsabilidades que tem no actual estado do concelho.
Por outro lado, quando assistimos à contestação destas medidas, nunca vimos uma única proposta alternativa. Apenas e só se exige a manutenção da situação anterior, como se essas condições fossem imutáveis.
Verifica-se agora que Cabeceiras andou à deriva ao longo destes anos. Não houve um projecto, uma linha de rumo, um objectivo a atingir. Em vez de se investir naquilo que promovia o desenvolvimento do concelho, na criação de riqueza, na satisfação das necessidades básicas, na promoção do emprego, endividou-se em muitas obras, apenas para satisfação de interesses pontuais, que consumiram os recursos financeiros disponibilizados e hipotecam o futuro dos nossos filhos e dos nossos netos.
Está na hora de mudar!
Definir um rumo, escolher um caminho e constituir uma nova equipa de modo a que seja possível dar esperança aos Cabeceirenses.
Isso de certeza que não será possível com qualquer daqueles que, no PS, governaram o nosso concelho ao longo destes anos todos e são responsáveis pela situação a que chegámos.

Artigo para a edição do jornal "O Basto"

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