“Patos bravos”
Antes das eleições legislativas, José Sócrates declarou que era vítima de uma campanha negra, que visava derrotá-lo enquanto recandidato a primeiro-ministro.
O tão propalado caso Freeport ficou assim no armário dos assuntos de politiquice.
As eleições passaram e não se vislumbram outras, graças a Deus, nos tempos mais próximos.
E eis que os poderes judiciais não se entendem quanto a novos e mais recentes factos que envolvem o mesmo José Sócrates, no novo caso mediático, a operação “Face Oculta”.
Conforme dizia um destes dias uma telespectadora, numa participação televisiva ao telefone, “não há escândalo em Portugal em que o primeiro-ministro não apareça envolvido”.
Aliás, os comentadores políticos começam, também, a ter dificuldade em argumentar quando, sistemática e sucessivamente, se vê o nome do primeiro-ministro envolvido em nebulosos casos: licenciatura ao domingo, assinatura de projectos de outrem, projecto da Cova da Beira, Freeport, e agora Face Oculta e até os projectos de um empresário falido que usou em campanha eleitoral.
Realmente é demasiado fumo para tão pequena fogueira.
Parece antes um vulcão a pré-anunciar a sua explosão.
Ora este fenómeno nem é novo, nem é único.
Portugal já passou por idêntico processo no início da I República, no dealbar do século passado.
Os “patos bravos” do regime depressa deram cabo dele.
Hoje, os “patos bravos” do mundo dos negócios, da política, do desporto, da finança, estão a fazer o mesmo.
A delapidar o nosso património, a destruir as raízes da nossa sociedade, a fazer perigar a sustentabilidade do nosso País.
Até quando deixaremos que isso aconteça?
(In)Dependência
Comemora-se, no próximo dia 1 de Dezembro, o 369.º aniversário da Restauração da Independência, conseguida com o derrube da dinastia Filipina, que Espanha nos impôs durante seis décadas.
Nesse mesmo dia, entra em vigor o novo tratado europeu, designado curiosamente de Lisboa, que vai trazer uma nova organização das instâncias comunitárias, em que os pequenos países, como o nosso, vão perder um número significativo de poderes, isto é de autonomia e de capacidade de independência.
Para o futuro, “1.º de Dezembro” será um dia comemorativo da Independência ou de uma nova dependência dos grandes da Europa, com a Alemanha ao comando?
In: edição de "O Basto" de Novembro
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