Os tempos estão difíceis.
Muito se fala da necessidade de aumentar a produtividade,
ser competitivo, dar espaço ao empreendedorismo.
Porém, como fazê-lo num cenário de fortes restrições, de
elevados impostos, de incerteza económica, de conflitualidade social e
sindical?
Este é um dilema para o qual não há uma resposta efetivamente
positiva.
Mas temos de fazer pela vida. Cada um de nós, cada grupo
profissional, cada comunidade, cada país. A Europa e as demais regiões do nosso
Mundo.
Da sociedade à rasca, temos de criar uma sociedade que se
desenrasca.
Em Cabeceiras de Basto, temos vivido à sombra dos poderes
públicos e sob a sua lei.
Ao longo dos últimos anos, muitos!, a sociedade habituou-se
a aceitar passivamente a ação da autarquia como o agente económico de
desenvolvimento local. O mercado de emprego centrou-se no município e nas
empresas ou entidades tuteladas pela Câmara Municipal.
Quando o mercado aconselhava a abertura de novos horizontes,
com a possível instalação de empresas, fábricas, hipermercado, hotel, de entre
outros, sempre apareceram milagrosos argumentos que o impediram.
O facto é que durante o período de expansão, o período das
vacas gordas, como se costuma dizer, nada disso foi feito.
O PROCOM serviu mais a autarquia que os comerciantes.
O PRODER seguiu o mesmo caminho, mais direcionado para a
administração local do que para a sociedade civil.
Por outro lado, os recursos naturais não foram valorizados,
a agricultura, a pecuária, a silvicultura foram definhando.
Os produtos locais, tantas vezes apregoados, não ganharam
expressão significativa na atividade económica local.
Mesmo quando se construíram as zonas industriais de Lameiros
e Olela, não se cuidou de assegurar a sua sustentabilidade e a crise veio
trazer e acentuar os níveis de desemprego.
Agora, em tempos de crise, fomos informados que a autarquia
vai apostar em múltiplas zonas industriais no concelho. Boa medida, em tempo
errado. Pode render em popularidade, mas não vai render em resultados. Não
estamos em época de crescimento.
Isso não quer dizer que não se tente, que não venha a ser
instalada no concelho qualquer unidade industrial. Mas seguramente, nos dias de
hoje, não é essa a solução. Já foi o tempo e foi perdido.
Agora exige-se um novo modelo de desenvolvimento, realista e
sustentado.
Centrado nos recursos locais, nas potencialidades do nosso
património natural, do nosso património arquitetónico, do nosso património
cultural. Sobretudo nas potencialidades das pessoas, do seu conhecimento e, das
suas capacidades.
É um novo paradigma que urge seguir, sob pena de voltarmos a
perder o futuro.
Para isso temos de ter a atitude de partilhar projetos, informar,
formar, cooperar, agir em rede, com autonomia e liberdade.
Enfim, mudar de vida, mudar Cabeceiras.
Publicado na edição online de "O Basto"
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