Esperteza saloia
Todos os restantes concelhos têm até mais do que um desses locais de culto do consumismo.
Das duas uma, ou nós por cá somos os mais inteligentes por ter resistido à moda, ou, pelo contrário, somos os mais idiotas por não ter sabido tirar partido de um fenómeno que alterou significativamente a forma de comercializar os produtos e ser fonte de atracção social.
Tenho para mim que seguimos o segundo caminho.
Não é que eu simpatize com os hipermercados, mas sei que já não podemos viver sem eles.
Se os não temos na nossa terra, vamos, a eles, à terra dos outros. E o facto é que aí encontramos muitos nossos conterrâneos.
Desse modo, estamos a contribuir, não para o desenvolvimento da nossa terra, não para o emprego na nossa terra, não para a riqueza da nossa terra, mas sim para a terra dos outros.
É lamentável que os poderes públicos tenham enveredado pela esperteza saloia de pretensamente defender o “comércio local”, quando o caminho seguido só levou à sua depauperização e ao fluxo do comércio para outras localidades (Fafe, Guimarães, Braga).
É igualmente lamentável que os nossos comerciantes tenham seguido idêntica orientação, não se sabendo acautelar para os perigos do isolamento em que se colocaram.
Hoje é já tarde de mais, pelas razões locais e nacionais, os tempos não estão de feição para grandes investimentos. Mas não podemos continuar por este caminho.
Uns e outros, poderes públicos, empresários e comerciantes deveriam dar as mãos para, em conjunto, deixarem a política de capelinha, o olhar para o seu próprio umbigo, e lançarem um projecto adequado à defesa dos múltiplos interesses em questão.
Sei que há potencialidades, sei que há projectos, sei que há alguns interessados em avançar, mas os interesses da nossa terra, das nossas gentes, não são apenas questões para alguns. Exigem a colaboração e o empenhamento de muitos dos directamente interessados.
É altura de deixar a “esperteza saloia” do “orgulhosamente só” para um projecto partilhado, dinâmico e virado para as conjunturas do futuro.
A propósito da aprovação do Orçamento de Estado para 2011 esteve iminente uma crise política.
O Governo socialista, não contente com o estado a que levou a situação financeira do país, procurou ainda saltar da carruagem, inviabilizando o apoio do PSD, para se eximir às responsabilidades presentes e futuras.
Entendia que o PSD deveria ter viabilizado à partida o orçamento, mas, depois de tudo o que aconteceu, até concordo com Passos Coelho. Esta foi a única maneira de se conhecer publicamente a dimensão da tragédia, o “buracão” das contas públicas, as resistências do “aparelho socialista” à contenção das despesas.
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