segunda-feira, 27 de julho de 2009

Como vai a "nossa Saúde"...


A actualidade dos últimos dias tem passado pelo "acidente" que ocorreu no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde seis pessoas ficaram "cegas" durante as operações a que se submeteram aos olhos.
Entretanto, estudos vindos a público revelam que muitos dos problemas que ocorrem nos serviços de saúde são originados por negligência.
Mesmo assim, também revelam outros estudos que os portugueses confiam no Serviço Nacional de Saúde.
No entanto, quem anda pelos hospitais, centros de saúde, consultórios depara-se com situações inconcebíveis.
Como compreender a espera durante mais de três horas só para se conhecer os resultados de um exame realizado numa urgência?
Como se compreende que utentes sejam obrigados a esperar cerca de sete horas por uma consulta?
Não será necessário equacionar uma nova organização dos serviços?
Não haverá responsáveis que tenham a obrigação de analisar estes dados e encontrar medidas alternativas?
Mas para andarem a pedir o pagamento de taxas de serviços prestados há anos, mesmo a pessoas que já faleceram, já há organização.
É tudo uma questão de prioridades: primeiro o dinheiro, depois os utentes.

4 comentários:

  1. Caro amigo.

    O erro faz parte da condição humana e na medicina qualquer falha tem quase sempre consequências dramáticas. Não se pode é adoptar uma postura de total intolerância e incompreensão, porque os médicos e a arte não são perfeitos. Aliás, acho que no Hospital de Santa Maria se está a fazer todo o esforço em prol da melhoria do estado clínico dos doentes. Isto é de louvar.

    Agora, claro muito dos problemas da saúde em Portugal passam pela excessiva burocracia e outros inerentes à rigidez da estrutura da função pública. Não há uma medicina simplificada. Os médicos vêem-se obrigados a registar tudo, a ter uma atitude defensiva não vá o Diabo tecê-las, e isto escalar para a loucura doida dos advogados e dos processos nos Estados Unidos, que elevam aos píncaros os custos dos cuidados. Por outro lado, quando não se vê uma postura de negociação e de responsabilidade do doente na sua condição, quando não há uma cultura de saúde e de autonomia de decisão nas pessoas, toda a carga passa para as costas do clínico.

    A sociedade portuguesa devia debater e reflectir sobre isto e não limitar-se à mentalidade do livro amarelo. Devia convidar os clínicos da sua comunidade a participar dela e sobretudo não procurarem cuidados apenas quando se sentem doentes.

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  2. Obrigado pelo seu comentário.
    Quanto ao caso do Hospital de Santa Maria até considero que o processo está a ser bem conduzido.
    No entanto reportei-me mais aos problemas organizacionais, nomeadamente quanto ao funcionamento das urgências e consultas.
    Mas também não me custa reconhecer o espartilho das condicionantes dos serviços.
    A sugestão de um debate mais aprofundado sobre estas questões (e porque não sobre muitas mais) só contribuiria para uma sociedade mais conhecedora, mais culta e consequentemente mais desenvolvida e progressista.
    Pena é que os (diferentes) poderes matem ao nascer qualquer veleidade nesse sentido.

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  3. Caro professor, cito esta pequena resposta do cirurgião cardiotorácico dos Hospitais da Universidade de Coimbra, Manuel Antunes, a uma entrevista dada ao Notícias Magazine:

    "Teme o fim do SNS? "
    "Não, mas temos de trabalhar mais. Os doentes estão mais informados, são mais exigentes e o acesso e os cuidados de saúde melhoraram. Temos um SNS que não nos envergonha mas que poderia ser muito mais eficaz. Mas se não temos as melhores estradas, os melhores carros, as melhores habitações, a melhor educação, a melhor justiça, porque havemos de ter o melhor SNS?"


    Aquilo que eu deduzo deta resposta é: Somos um país todo ele cheio de problemas de organização e eficácia, quer por défices de organização, quer por políticas erradas, quer por caleceirices de muitos e preguicite aguda de outros, mas com capacidade para melhor. Por isso temos todos de trabalhar no sentido de mudar este país, não só no na parte técnica das areas laborais, mas acima de tudo, na mentalidade das pessoas.

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  4. Obrigado pelo comentário.
    Estou de acordo consigo.
    O nosso grande problema é a falta de exigência e de rigor.
    Claro que hoje, com mais conhecimento, as pessoas tornam-se mais reivindicativas e exigentes.
    Por outro lado, a divulgação dos problemas condicionam e mantém em pressão os diferentes órgãos de gestão.
    É por isso que as críticas têm sempre um aspecto positivo - ajudam a mudar.
    É nesse quadro de actuação que eu entendo fazer as críticas que formulo.

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