Todos nós conhecemos como o nosso concelho tem sido governado ao longo dos últimos anos, reconhecendo-se uma assinalável falta de diálogo ou consenso com as diferentes opiniões, quer das oposições, quer da sociedade civil.
A orientação política seguida baseou-se fundamentalmente na realização de obras públicas (mercado, piscinas, estradas, centrais de camionagem, centro de saúde, tribunal, pavilhões gimnodesportivos, de entre outras).
No entanto, quase dezassete anos depois, o nosso concelho não está mais rico e mais desenvolvido. O desemprego aumenta drasticamente; o abandono das povoações serranas faz-se sentir no isolamento dos mais idosos que ainda aí ficam; a população concelhia centra-se no eixo Refojos – Arco gerando uma macrocefalia na zona sul do concelho; há uma diminuição do número de crianças e jovens; a melhoria da rede viária serviu para facilitar a saída da população local e a deslocação dos agentes que aqui trabalham; o comércio sofre profunda crise; a agricultura, não obstante todos os serviços e associações do sector aqui sedeados, tem empobrecido e está ao abandono; foi encerrado o hospital e os serviços de saúde não garantem a satisfação das populações.
Por outro lado, verificou-se um desenvolvimento urbanístico nas vilas de Refojos e do Arco, que parece dar uma nova imagem aos nossos centros urbanos, mas que, por falta de um projecto integrado e sustentado, não veio proporcionar mais atractividade, mais movimento, mais vida e mais beleza.
Enfim, as “muitas obras”, que o poder tanto elogia, não satisfazem as pessoas.
Os cabeceirenses, já está visto, não vivem destas “obras”.
Hoje, os jovens cabeceirenses sentem de forma desmesurada os reflexos desta política: as escolas aparecem nos lugares menos agradáveis dos rankings, não há saídas profissionais, não há centros de convívio, de cultura, de recreação, não há empregos especializados, não há condições de fixação.
Os mais idosos precisam ainda de mais apoio, mais acompanhamento, de acesso a mais cuidados de saúde.
Se muito foi feito, pelos vistos muito mais e melhor devia ter sido conseguido.
Se o poder se acha satisfeito, os cabeceirenses precisam de um novo projecto, por um novo patamar de desenvolvimento.
Temos de entender a nossa terra no horizonte da próxima década. Como queremos Cabeceiras em 2020? Que objectivos queremos atingir? Que políticas temos de adoptar?
Esta é uma questão que nos diz respeito a todos nós e não apenas aos que nos governam.
Não haverá futuro sustentado se não houver um projecto equilibrado, integrado, que preserve a nossa identidade e aproveite os nossos recursos.
Para isso é necessário um compromisso de diálogo, de partilha, de discussão, de assunção de desafios.
Porém, do poder não podemos esperar esta abertura e esta capacidade de colocar Cabeceiras e os cabeceirenses em primeiro lugar.
Das oposições também nada tem brotado.
O CDS/PP e a CDU são partidos eleitoralmente marginais. O PSD tem vindo a seguir o mesmo caminho, esquecendo-se do essencial: dos cabeceirenses.
É altura da sociedade civil encontrar, aqui como a nível nacional, a resposta para a profunda crise económica, social e política que se vive.
Nós, cabeceirenses, temos de construir o nosso futuro.
Esse é o dever que temos para com os nossos filhos!
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