Quando Sá Carneiro morreu no ainda «misterioso acidente» de Camarate, abriu-se diante de Pinto Balsemão o labirinto habitual da política portuguesa: ele era o sucessor
natural, mas a complicada teia das ambições, invejas e traições, dentro e fora do seu partido, não lhe deu sossego. Balsemão foi vencendo as conspirações, mas acabou por
se demitir. Aí nasceu a célebre frase “de vitória em vitória até à derrota final”.
Ocorre-me a lembrança a propósito do Orçamento para 2011, que não me atrevo a analisar como especialista (que não sou), mas que seguramente vou amargar como
aposentado neste Portugal financeiramente amordaçado (assim escreveria, noutros tempos, o patriarca Soares).
Também agora poderemos dizer que vamos de mentira em mentira até à bancarrota. Ainda há pouco mais de um mês, o ministro das Finanças (que desilusão!) garantia
que as contas seguiam em linha com o previsto, ao mesmo tempo que o primeiro-ministro (que confirmação!) vociferava contra aqueles a quem chamava catastrofistas ou
alarmistas, consoante a arrogância do momento. Era o tempo em que Portugal chegou a ser chamado por Sócrates campeão europeu do crescimento...
Foi por este caminho de falsidades que os portugueses foram conduzidos ao maior suplício dos tempos modernos. Aprovem lá o Orçamento, abram as portas ao FMI - mas
não deixem sem castigo (político e não só) os responsáveis por estes crimes.
É que já basta!
António Freitas Cruz - Cronista©JN, in Povo Livre
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