Foi uma decisão difícil, já que uma parte significativa do partido e de algumas figuras de proa, a começar em Mário Soares, se lhe opunha.
Teria Sócrates motivos para apoiar Alegre?
Claro que sim. As bases do PS estão fartas das medidas ditas de "direita" que este governo tem executado. (Isto antes da chegada dos PEC's, porque agora já nem sei o que se diga...) Por isso queriam ter alguém que se apresentasse com as bandeiras da "esquerda".
Porém, a Presidência da República não é um cargo da "direita" ou da "esquerda". É um símbolo nacional, que por todos tem de ser respeitado, independentemente do posicionamento ideológico de quem o ocupe.
A Presidência da República deve ser ocupado por quem, em cada momento histórico, pode ser considerado o melhor representante de Portugal.
Foi com base nesse princípio que o PSD já apoiou tão diferentes candidatos como Ramalho Eanes ou Mário Soares.
Mais, o PSD quando apoiou Mário Soares não tinha para isso tão boas razões, como hoje tem o PS de Cavaco Silva.
Mas sobrepunha-se o interesse nacional.
E sempre que assim não foi (ver o caso das candidaturas de Soares Carneiro ou Ferreira do Amaral), os resultados eleitorais foram esclarecedores.
Ora, nesta época de profunda crise, qual é o superior interesse nacional?
Claramente o da estabilidade política, da confiança, do rigor, da competência...
Inequivocamente, Cavaco Silva é esse o garante.
Mas qual é a posição do PS?
Olhar para o seu umbigo e dar apoio a um candidato marginal que começou por ter o apoio do Bloco de Esquerda.
Eis, pois, mais uma manifestação inequívoca do modo como o PS entende o interesse nacional e o subjuga ao interesse partidário.
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