segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Da anedota à realidade

Antes das eleições, andou por aí a circular uma anedota sobre Sócrates, em que este ao morrer teve a oportunidade de escolher entre o céu e o inferno. Depois de visitar um e outro escolheu o inferno, porque durante a visita parecia um paraíso. Depois ao chegar lá encontrou o pior cenário. Questionando a razão da mudança, o diabo disse-lhe que a visita tinha sido em campanha eleitoral.

Agora depois das eleições, parece que está a acontecer o mesmo.
Os resultados eleitorais ainda não têm vinte e quatro horas e já se lê as seguintes notícias:


Lisboa, 28 Set (Lusa) - O novo Governo minoritário de José Sócrates arrisca-se a ter, este ano, o pior défice orçamental dos últimos quinze anos, o que empurra a consolidação das contas públicas para o topo das prioridades económicas.
O Boletim da Primavera da Comissão Europeia revela que o desequilíbrio nas contas públicas, em 2009, pode chegar aos 6,5 por cento, um valor que só é ultrapassado pelos números de 1994, quando o défice chegou aos 7,3 por cento. O Governo, no entanto, é mais optimista e estima que o défice não vá além dos 5,9 por cento, este ano.
A confirmarem-se as projecções de Bruxelas para o conjunto da União Europeia, Portugal terá o sétimo pior défice orçamental dos 27 Estados membros. Assim, o país poderá passar, em apenas dois anos, do melhor resultado (2,5 por cento em 2007), para o pior em 15 anos, caso o défice de 2009 supere a barreira dos 6,1 por cento.



Bruxelas, 28 Set (Lusa) - A Comissão Europeia irá abrir em Novembro um procedimento de "défice excessivo" contra Portugal, uma situação em que se encontram mais de metade dos Estados-membros da União Europeia, que viram as suas contas públicas derrapar com a crise.
Bruxelas irá fazer uma série de recomendações, colocar Lisboa sob "vigilância orçamental" e avançar com um calendário para sair da situação de desequilíbrio das contas superior a 3,0 por cento do PIB (défice excessivo), seguindo as regras que estão estipuladas no Pacto de Estabilidade e Crescimento da União Europeia.
O período que será dado para corrigir o "défice excessivo" português será negociado com as autoridades nacionais. Os prazos já aplicados a outros Estados-membros variam entre 2010, para a Grécia, e 2013/14 para a Irlanda e Reino Unido.

Preparemo-nos para o inferno!

Sem comentários:

Enviar um comentário