Ao fim da tarde, soube-se que a administração da TVI suspendeu o serviço noticioso das sextas-feira, apresentado por Manuela Moura Guedes, o Jornal Nacional.
Em sequência, a redacção tomou posição, considerando que há uma manifesta interferência da administração na orientação noticiosa e que põe em causa o profissionalismo dos seus jornalistas, exigindo explicações.
Tendo presente que o PS e José Sócrates mantinha um diferendo com aquele canal televisivo, devido ao referido programa, tudo leva a crer que este é o corolário do ataque final feito pelo poder socialista à TVI.
Se assim é, e tudo aponta para que o seja, trata-se de um acto que denigre a nossa democracia e a liberdade de informação.
Como dizia Jerónimo de Sousa, à mulher de César não basta ser séria, é preciso que também o pareça.
Por isso, não basta ao PS e a José Sócrates vir desmentir que nada têm a ver com esta situação.
Quem pode acreditar nisso, quando o primeiro ministro, numa entrevista, fez o maior ataque alguma vez feito a um programa de televisão e à jornalista que o apresenta, e, no congresso do PS, este programa noticioso foi o alvo das principais críticas e ataques?
Bem andou a ERC - Entidade Reguladora da Comunicação ao abrir um inquérito a este caso.
Mas a pressa que agora usou, ao contrário em muitas outras circunstâncias, também pode ser usada apenas para branquear o papel do governo neste processo, já que, formalmente, não será fácil provar essa interferência.
De qualquer dos modos, não voltaremos a ouvir MMG a abrir o serviço noticioso e a esperarmos a divulgação das notícias de investigação mais acutilantes dos nossos canais televisivos.
É uma perda para todos os telespectadores.
É uma perda para o confronto de opiniões sobre diferentes aspectos da nossa vida política, social e económica.
É também a amostra do que vale o poder e de como ele se manifesta, no controlo da comunicação social.
Num país que queremos livre e democrático, é nossa obrigação repudiar estes comportamentos.
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